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MPF forneceu informações a bolsonaristas e alimentou ódio ao PT nas redes, diz estudo

Da coluna de Mônica Bergamo

Manifestação a favor de Bolsonaro e contra o PT em Brasília, em outubro de 2018

Um estudo realizado por pesquisadores da Fundação Getulio Vargas (FGV) afirma que o Ministério Público Federal (MPF) fez uso político de sua conta no Twitter nos últimos anos — o que pode ter tido potencial para afetar a governabilidade no país e a democracia em momentos decisivos como o impeachment de Dilma Rousseff e as eleições de 2018.

A pesquisa examinou um universo de 37.041 tuítes publicados pelo MPF desde sua entrada na rede social, em 2011. Por meio de dois softwares, foi possível analisar o conteúdo das postagens e a rede de interação do órgão com outros usuários, a partir de recortes temporais relacionados ao noticiário político.

O tema “corrupção” aparece em 61,5% dos tuítes e retuítes da conta. Os pesquisadores Rafael Rodrigues Viegas e Lucas Busani Xavier, que assinam o estudo, também identificaram que os picos de maior atividade do MPF no Twitter coincidiram com escândalos como o julgamento do Mensalão, em 2012, e com a divulgação de casos da Lava Jato.

Ao focar na corrupção em detrimento de outras áreas —como saúde e educação—, o MPF forneceu à rede de apoiadores da Lava Jato e de Jair Bolsonaro informações contra seus inimigos políticos. Ou seja: ao usar a plataforma para se autopromover, a instituição alimentou um segmento de forma não intencional. (…)