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MPL avisa Bruno Covas que “não sairá” das ruas em artigo ao El País

Manifestações contra aumento de passagens perderam ímpeto desde 2013. Foto: Mídia Ninja

Do El País:

Em entrevista ao jornal EL PAÍS, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, justifica os baixos índices de aprovação de sua gestão dizendo que governar é fazer o que ele mesmo acha certo e não o que é pauta popular. Coloca nessa conta o aumento da tarifa no transporte para 4,40 reais, realizado juntamente com seu padrinho político, o governador João Doria, no dia primeiro de janeiro.

Covas não menciona, contudo, o motivo pelo qual o aumento de tarifa é impopular: quanto mais alto o preço da passagem, menos pessoas podem circular pela cidade, e os mais prejudicados são os moradores das periferias, a população mais pobre. Quem não tem como pagar fica impedido de se deslocar pela cidade em que mora —seja para procurar emprego, ir à escola, à hospitais e mesmo acesso ao lazer.

Uma pesquisa de 2019 mostrou que quem vive com um salário mínimo em São Paulo gasta um terço de sua renda apenas para pegar ônibus e metrô indo e voltando do trabalho e dados do IBGE de 2018 mostram que os gastos das famílias brasileiras com transporte já superaram os gastos com alimentação. Mas o prefeito prefere ignorar a gravidade dessa situação e usar um velho argumento: dizer que para não aumentar a tarifa recursos deveriam necessariamente retirados de outras políticas sociais —no caso, a construção de CEUs e hospitais— para aumentar o subsídios ao transporte. (…)

Se Bruno Covas escolhe continuar não reconhecendo as pautas populares e tratando-as como como caso de polícia, questionamos: prefeito, você governa para quem? O aumento de tarifa é um absurdo. Pagar R$4,40 em algo que deveria ser público é absurdo. Daqui de baixo, reafirmamos nossa posição e mostraremos nas ruas para o prefeito que é insustentável pagar cada vez mais para circular cada vez menos. Mostraremos nas ruas que quem deve decidir é a população que usa e faz o transporte funcionar.