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Na Câmara, Temer é traído por partidos com ministros e no próprio PMDB

 

Do Uol:

O presidente Michel Temer (PMDB) conseguiu os votos suficientes para arquivar, pelo menos enquanto estiver no cargo, a denúncia que o acusa de corrupção passiva. Apesar da vitória, o resultado da sessão desta quarta-feira (2) mostra uma base governista rachada na Câmara dos Deputados –nem mesmo o PMDB votou de forma unânime a favor do presidente.

Em geral, os deputados de partidos da base que votaram contra o governo citaram a necessidade de que Temer continue sendo investigado e a oposição à reforma da Previdência.

“Praga de aposentado pega”, disse Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), do mesmo partido do ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira.

No PMDB de Temer, que tem a maior bancada da Câmara, o parecer pelo arquivamento da denúncia teve 52 votos a favor da rejeição da denúncia, mas seis contra. Um deles foi do deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), o autor do parecer favorável ao prosseguimento da acusação contra Temer que foi rejeitado na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Além disso, o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), Rodrigo Pacheco (MG), se absteve de votar, e outros três deputados se ausentaram, entre eles Osmar Serraglio (PR), ex-ministro da Justiça demitido por Temer.

Os votos contrários dentro do PMDB rejeitaram ordem do presidente do partido, senador Romero Jucá (RR), e os deputados dissidentes podem sofrer retaliações, como o próprio senador prometeu.

A falta de unidade se refletiu também em alguns dos principais partidos da base. O PSDB, um dos maiores aliados de primeira hora de Temer, orientou o voto contra o governo apesar de ainda ocupar quatro ministérios. No plenário, os tucanos racharam: 21 votos contra o arquivamento e 22 a favor.

Outro partido que tem ao menos um ministro no governo, mas orientou os deputados a votarem “não”, foi o PSB, de Fernando Coelho Filho (Minas e Energia). Assim como o PSDB, o partido se dividiu. Foram 22 votos contra o arquivamento da denúncia e 11 a favor.

O PPS, que marca presença no gabinete de Temer com Raul Jungmann no Ministério da Defesa, votou massivamente contra o governo: nove votos “não” (contrários ao arquivamento do processo) e apenas um “sim”.

O DEM orientou a bancada a votar pelo arquivamento, mas teve cinco de seus 29 deputados com posicionamento divergente. O ministro da Educação, Mendonça Filho, integra a legenda.

“O único caminho para o Brasil se libertar é a verdade. Não ao relatório e sim às investigações”, disse Onyx Lorenzoni (DEM-RS).

Entre os partidos do chamado “centrão” também não houve coesão a favor de Temer. O maior racha foi identificado no PSD, dos ministros Henrique Meirelles e Gilberto Kassab: foram 14 votos contra o arquivamento da denúncia e 22 a favor.

O PP, com seus 47 deputados e o ministro da Saúde (Ricardo Barros), teve sete dissidentes. Entre os 40 deputados do PR, partido que detém o Ministério dos Transportes (Maurício Quintella Lessa), nove votaram contra o presidente. O PRB, com Marcos Pereira à frente do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, teve sete votos contra o arquivamento e 15 a favor.

Os únicos partidos que votaram 100% “sim” –ou seja, pelo arquivamento da denúncia– foram os nanicos PEN e PSL, cada um com três deputados.

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