Na contramão do “efeito Kamala” nos EUA, política brasileira ficou mais branca e masculina
Da BBC:

Quatro anos após Barack Obama, primeiro presidente negro dos Estados Unidos, deixar o cargo, Kamala Harris chegará à Casa Branca em janeiro de 2021, ao lado do presidente eleito Joe Biden, como primeira vice-presidente de ascendência negra e indiana.
(…) A onda de diversidade na eleição americana não se estringiu ao pleito presidencial. Com a posse dos novos eleitos em 2021, o Congresso americano terá ao menos 141 mulheres, sendo 51 negras — dois recordes que podem crescer porque algumas disputas ainda estão em aberto. Com isso, o percentual de mulheres parlamentares subirá de 23,7% para ao menos 26,5%. No Brasil, essa taxa está em 15%.
A rapidez com que uma chapa diversa e comprometida com a redução das desigualdades de gênero e raça chegou novamente ao poder nos Estados Unidos contrasta com a perda de relevância dessas agendas nos governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro e com a falta de perspectivas para eleição de uma mulher ou pessoa negra para liderar o Brasil, quatro anos após o impeachment de Dilma Rousseff, primeira a presidir o país.
Por enquanto, a lista de cotados para disputar a eleição de 2022, seja liderando a chapa presidencial ou como vice, é 100% masculina e quase toda branca: além do presidente Jair Bolsonaro, que deve tentar a reeleição, inclui nomes como João Dória (governador de São Paulo/PSDB), Sergio Moro (ex-ministro da Justiça e Segurança Pública), Luiz Henrique Mandetta (ex-ministro da Saúde/DEM), Luciano Huck (apresentador de TV), Fernando Haddad (ex-prefeito de São Paulo/PT), Ciro Gomes (ex-governador do Ceará/PDT), Flávio Dino (governador do Maranhão/PCdoB), João Amoêdo (Novo), e Guilherme Boulos (PSOL).
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