“Não consigo viver, trabalhar”, diz viúva de Beto Freitas, assassinado no Carrefour

De Janaína Lopes e Matheus Beck no G1 RS.
A morte de um cidadão negro após ser espancado no estacionamento do supermercado Carrefour, em Porto Alegre, na véspera do Dia da Consciência Negra, reabriu discussões sobre racismo e violência em todo o país. Três meses depois, completados nesta sexta-feira (19), o processo sobre a morte de João Alberto Silveira Freitas segue inconcluso.
A juíza Cristiane Busatto Zardo, da 2ª Vara do Júri, explica que o processo está na fase de citação dos réus. As seis pessoas que respondem por homicídio triplamente qualificado devem ser citadas e apresentar resposta à acusação. Só depois será marcada a audiência.
Enquanto isso, a viúva de João, Milena Borges, de 41 anos, busca esquecer aquela noite. Nesta quinta-feira (18), os advogados dela se reuniram pela internet com os representantes do Carrefour para tentar um acordo extrajudicial.
A família pretende articular uma indenização por danos morais e outra por danos materiais, que seria uma pensão mensal vitalícia.
Conforme o advogado Carlos Alberto Barata Silva Neto, que representa a família, houve um avanço nas negociações, mas ainda não chegaram a uma definição. Um novo encontro deve ocorrer na próxima quarta (24).
Por meio de sua assessoria de imprensa, o Carrefour informou apenas que “a empresa segue oferecendo suporte social, psicológico e financeiro à família e vem avançando nos acordos com os advogados”.
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“A Milena está em depressão severa, segundo a psiquiatra. Não sai de casa. Quando sai, sai com alguém, porque tem medo de sair”, afirma o advogado. “Qual caso que houve morte por sufocamento na frente da esposa, dentro de um hipermercado de uma multinacional, gritando pelo nome da esposa e pessoas agarrando ela e não deixando ajudar? A gente tenta explicar que é um caso sui generis, uma exceção”, acrescenta Carlos Alberto.
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