“Não dá para ter 39 ministérios”, diz Abílio Diniz
O empresário Abílio Diniz, ex-CEO do Pão de Açúcar e atual presidente da Brasil Foods, concedeu entrevista aos jornalistas Raquel Landim e David Friedlander, da Folha de S. Paulo, em que condenou o excesso de ministérios no Brasil.
“A primeira sensação é: o país não é ingovernável, mas é “ingerenciável”. Não dá para ter 39 ministérios. Eu sou um bom gestor e não consigo administrar mais de 12 pessoas abaixo de mim”, diz ele. “Por que temos 39 ministérios? Temos 39 ministérios, porque os presidentes ficam reféns dos compromissos de campanha e dos acordos no Congresso para governar.”
Abílio defendeu ainda uma reforma política. “O Brasil precisa de uma reforma política, que repense o financiamento de campanha, ponha ordem na quantidade de partidos. O Brasil tem 30 partidos. Não tem sentido. Gestão é colocar as pessoas certas nos lugares certos. No governo, as pessoas são colocadas nos cargos públicos em virtude dos compromissos de campanha.”
Segundo ele, os três candidatos principais, Dilma Rousseff, Aécio Neves e Marina Silva, têm condições de liderar uma reforma política. “Todos. E nós, da sociedade civil, temos que dar força. Os que são capazes de manifestar suas opiniões nos jornais têm que dar apoio aos governantes para fazer as reformas. Do jeito que estou falando, até parece que o país é um desastre. Não é. Esse ainda é um país cobiçado pelos investidores. Todos ficam de olho no nosso imenso mercado interno. Desde 2003, o Brasil iniciou algo por que eu sempre clamei, que é a maior distribuição de renda. Temos quase pleno emprego e os programas assistenciais impedem que as pessoas morram na miséria.”
Abílio afirmou ainda que qualquer um dos três terá bons canais de comunicação com o setor empresarial. “Dilma aprendeu bastante nesses quatro anos, que foram mais difíceis que no governo Lula. Se eleita, ela vai se aproximar mais dos empresários. O Aécio sempre foi muito próximo dos empresários. Tenho zero de preocupação em relação ao isolamento de qualquer um deles. A Marina é uma pessoa do bem. Sempre esteve próxima de empresários. Se ela indicar agora quem será o seu ministro da Fazenda, acho que os empresários e todos os brasileiros ficarão tranquilos. Dilma deveria fazer isso também, para aumentar a confiança.”
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