“Não dou conta”: médica relata palavras finais de Preta Gil antes de morrer

A cardiologista Roberta Saretta, do Hospital Sírio-Libanês, revelou detalhes emocionantes dos últimos instantes de vida da cantora Preta Gil, que morreu aos 50 anos em agosto de 2025, vítima de câncer de intestino. Coordenadora da equipe do médico Roberto Kalil e próxima da família Gil, Saretta acompanhou a artista desde o diagnóstico, em janeiro de 2023, até a tentativa de traslado dos Estados Unidos para o Brasil, onde Preta desejava passar seus últimos dias.
Segundo a médica, Preta foi diagnosticada após um sangramento intestinal e passou por diferentes tratamentos, incluindo cirurgia e quimioterapia. Após um período de remissão, exames detectaram a volta da doença com metástases no fígado e pulmões. Com a progressão rápida, ela decidiu tentar um protocolo experimental de terapia alvo em um centro oncológico na Virgínia, EUA. Apesar de alguma resposta inicial, complicações como infecção e enfraquecimento dos rins levaram à interrupção do tratamento.
Saretta contou que a decisão de buscar um tratamento experimental no exterior foi motivada pelo desejo da cantora de prolongar a vida por muitos anos, e não apenas viver os meses previstos pela equipe médica. “Ela queria viver mais 15 anos, não só seis ou oito meses”, relatou a cardiologista, destacando a energia e o otimismo que marcaram a postura de Preta até o fim.
A médica acompanhava a viagem de retorno ao Brasil em um avião UTI quando, durante o trajeto de ambulância até o aeroporto, Preta começou a passar mal. “Perguntei se ela dava conta de viajar e ela respondeu: ‘Não dou conta’”, relembrou Saretta. A ambulância seguiu para um hospital próximo, mas a cantora não resistiu e morreu poucos minutos depois, apesar das tentativas de reanimação.
Nos dias em que aguardavam autorização para trazer o corpo ao Brasil, familiares e amigos decidiram celebrar a vida da artista. Foram a restaurantes que ela gostava em Nova York, incluindo o Balthazar, onde comeram o prato preferido da cantora — macarrão com lagosta — acompanhado de champanhe, repetindo momentos que ela viveu pouco antes da morte.
Roberta Saretta ressaltou que Preta manteve a intensidade e o amor pela vida até os últimos minutos. “É muito difícil ter essa disponibilidade emocional na terminalidade. Ela teve até o fim”, disse a médica, que criou um vínculo profundo com a família Gil ao longo dos mais de dois anos de tratamento.