De Miguel Reale Junior, jurista filiado ao PSDB, autor do pedido de impeachment de Dilma, feito com parceria com Janaína Paschoal e Hélio Bicudo, ao Valor:
Valor: O senhor foi um dos autores do pedido de impeachment de Dilma. A política e a economia continuam em crise. Qual sua avaliação da conjuntura?
Miguel Reale Junior: Deve-se examinar o que teria acontecido se não tivesse o impeachment. A situação estaria muito pior. Medidas muito difíceis foram adotadas, que não teriam sido implementadas, a começar pela PEC do teto. Foi um ponto de partida necessário para estabelecer a confiança de agentes econômicos e de investidores estrangeiros. O problema é que a classe política e a estrutura são as mesmas. Não houve nem poderia haver uma efetiva alteração. Temer teve a coragem de apresentar uma proposta de reforma previdenciária profunda, que vai enfrentar resistências. Ao mesmo tempo ele tem uma ‘entourage’ ligada a um passado viciado, de pessoas envolvidas na corrupção do mensalão, do petrolão. Mas temos que pensar que se não houvesse o impeachment, não haveria os quatro processos contra Lula. Se Dilma tivesse permanecido, Lula seria ministro e estaria fazendo manobras, aliado a Renan Calheiros. Renan continuaria com sua audácia.
Valor: Mas Renan continua forte com Temer e descumpriu determinação de ministro do Supremo…
Reale Junior: Para Renan, fazer maldades e viver nessa linha fronteiriça é quase um vício. O quadro político não mudou porque a classe política na sua maioria não mudou. Houve mudanças muito superficiais, que ocorreram à medida que foram caindo os amigos do presidente.
Valor: O modelo de governo corrupto foi substituído por outro equivalente? Seis ministros e o melhor amigo do presidente já caíram em sete meses. O que mudou?
Reale Junior: Não está havendo corrupção.
Valor: Pessoas do governo foram delatadas em esquemas de corrupção…
Reale Junior: É no passado. Agora não tem corrupção. Isso é o que importa.
Valor: Qual a garantia de que não está havendo corrupção?
Reale Junior: Agora está havendo um controle, tanto que imediatamente pessoas meramente denunciadas foram destituídas [dos cargos]. Há forte controle social. A grande força política hoje não são os partidos, a classe política, nem a imprensa. São as redes sociais.
Valor: O senhor diz que não há mais corrupção, mas o ex-ministro Geddel Vieira Lima caiu por denúncias de irregularidades.
Reale Junior: Mas não é corrupção. Seria prevaricação [omissão]. Corrupção é dinheiro em troca de vantagens, licitação fraudulenta. Isso não se tem conhecimento.
Valor: E o caso de José Yunes, acusado de receber por caixa dois? O fato de ter saído do governo não reforça os indícios de irregularidades?
Reale Junior: É um fato que aconteceu lá atrás. O fato de ele ter saído é porque se transformou em uma pessoa incômoda e as redes sociais cobraram. Não existe fato indicativo de qualquer corrupção hoje.
(…)
O deputado estadual bolsonarista Emerson Stein (MDB) é um dos alvos da 5ª fase da…
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta para uma onda de calor que…
A rapper Dre Araújo denunciou em suas redes ter sido agredida e impedida de participar…
Carlos Teixeira, conhecido como Carlinhos, aluno do sexto ano de uma escola pública em Praia…
O engenheiro civil Giuliano Conte busca, através da Justiça, aumentar o valor da indenização de…
No domingo (28), Elon Musk, dono do X e CEO da Tesla, fez sua segunda…