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“Não trabalho com ‘ouvi dizer'”, diz promotora de Marajó sobre falas de Damares

A ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e atual Senadora pelo DF, Damares Alves
Foto: Reprodução/Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Patrícia Carvalho, promotora do Ministério Público Estadual do Pará (MP-PA), afirmou que o órgão trabalha com provas e não “no campo da imaginação” e do “ouvi dizer”. Ela é signatária de ofício enviado ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos que solicita provas dos relatos de crimes sexuais narrados por Damares Alves.

“O MP entrou em contato com todos os promotores da região, somos 16 promotores e cada um atua em um município. Pedimos para que verificassem se chegou alguma denúncia formal dessas situações relatadas pela ex-ministra. Todos foram unânimes em informar que nunca chegou ao MP e nem à rede de proteção relatos nesse sentido. Por isso, fizemos imediatamente esse pedido ao Ministério da Mulher para que a gente possa adotar as providências cabíveis, pois as falas da ex-ministra abordam questões muito graves”, afirmou a promotora à coluna de Bela Megale no jornal O Globo.

O ofício foi enviado à pasta após a ex-ministra afirmar, sem provas, que crianças teriam sido traficadas e que ordenou ações para resgatá-las. A evangélica disse que crianças tinham seus dentes arrancados para fazer sexo oral nos agressores.

Após a repercussão do caso, Damares disse que “ouviu nas ruas” os relatos. Patrícia, no entanto, afirma que o MP e a Polícia Civil “trabalham com provas”.

“A gente não pode trabalhar no campo da imaginação, do ‘ouvi dizer’. Precisamos de provas para deflagrar uma ação, fazer uma investigação. Formalmente, ao MP nada disso chegou. Fica difícil de a gente emitir qualquer opinião por ouvir dizer”, prosseguiu.

A promotora alega que atua na Ilha do Marajó desde 2017 e nunca ouviu falar sobre as denúncias feitas por Damares. Ela admite que há um número elevado de casos de abuso sexual na região, mas nenhum similar ao narrado pela evangélica foi denunciado formalmente.

“Não estou dizendo que ela fala a verdade ou mente. O que o MP pediu são as provas que a ex-ministra alegou ter e esses casos documentados para que a gente adote as providências cabíveis. Essa é nossa função. Como ela falou sobre crimes como tráfico internacional de crianças, essa atribuição de acioná-la na Justiça por calúnia seria do Ministério Público Federal, e não estadual”, finaliza.

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