“Não vou morrer Heloísa Buarque de Hollanda”, diz escritora feminista

A escritora Heloisa Buarque de Hollanda, que logo completará 84 anos, está mudando de nome e não quer mais ser conhecida pelo sobrenome do falecido marido. Uma das das maiores pensadoras do feminismo, pesquisadora e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) agora usará o sobrenome da mãe e passará a se chamar Heloisa Teixeira.
Incentivada pelo lema “meu corpo, minhas regras”, Heloisa já até tatuou o novo nome nas costas. A cena já foi registrada pela cineasta Roberta Canuto, que finaliza o documentário sobre o processo da troca de nome, batizado de “O nascimento de H. Teixeira”.
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Em entrevista ao jornal O Globo, Heloisa disse que ao acolher o sobrenome da mãe, busca homenagear uma mulher cuja “potência feminina foi oprimida” pelo patriarcado.
“De repente, falei: ‘Caraca, tenho o nome do marido'”, disse. Ela foi foi casada com o advogado e galerista Luiz Buarque de Hollanda, seu primeiro companheiro. Helô também teve um casamento com o fotógrafo João Carlos Horta, que morreu em 2020.
“Casei 50 anos atrás. Naquela época, era uma ofensa não colocar o nome do marido. E depois da separação, a minha geração ainda continuava carregando o nome. Era a hora de eu ter pulado fora. Não pulei. Talvez porque achasse o nome lindo, porque me facilitava, por pura preguiça, total inércia. Mas aí caiu a ficha e falei ‘não quero mais’. Quero ter o sobrenome da minha mãe”, afirmou.
“Não vou morrer sendo Heloisa Buarque de Hollanda. Eu não nasci assim. Quero morrer confortável, de mãos dadas com a minha mãe, que não pôde falar. É difícil, porque meu Buarque é um sobrenome profissional. Uma marca tipo Colgate (risos)”.