Nas mãos do crime organizado: Milícia já cobrou taxa de pelo menos 600 mil cariocas

Nos últimos meses, os sinais de que as milícias continuam avançando apareceram nas ligações dos paramilitares com os prédios que desabaram em abril na Muzema, nas descobertas de cemitérios clandestinos ou em denúncias de que os criminosos, agora, exploram até os “gatos” de energia elétrica, cobrando boletos da irregularidade aos consumidores de áreas dominadas. Cercados por essa realidade, 86% dos cariocas têm medo de serem vítimas de violência por parte das milícias, e 10% já pagaram alguma taxa a esses grupos para obter algum serviço, revelou a pesquisa Datafolha encomendada pelos jornais O GLOBO e “Folha de S.Paulo”. Berço dessa forma de poder paralelo, a Zona Oeste, de comunidades como Rio das Pedras e Gardênia Azul, é a região do Rio na qual mais gente se disse sujeita a esse tipo de afronta às leis: 15% dos entrevistados. Mesmo no Centro, 9% responderam já terem sido vítimas dessas extorsões, índice que chegou a 8% na Zona Norte e a 5% na Zona Sul.
Entre favela e asfalto, as cobranças das milícias atingem mais os moradores de comunidades (14% deles). No entanto, em mais uma amostra de que os paramilitares estendem seus tentáculos para áreas formais, 8% dos que moram fora das favelas também disseram que já tiveram de dar dinheiro a milicianos para conseguir acesso a algum serviço, seja internet, TV a cabo ou outros negócios explorados ilegalmente.
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