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Navio que matou 5 mil bois no Pará completa 10 anos afundado e sem solução

Navio Haidar tombado no porto de Vila do Conde, em Barcarena (PA), com bois tentando escapar após o naufrágio que matou quase 5 mil animais – Foto: Reprodução

Há exatos dez anos, o naufrágio do navio libanês Haidar, no porto de Vila do Conde, em Barcarena, no Pará, deixou um rastro de destruição e revolta. A embarcação, que transportava quase 5 mil bois com destino à Venezuela, tombou e afundou pouco depois do embarque, matando quase todos os animais confinados. Os tripulantes foram resgatados, mas as carcaças dos bois, somadas a 700 toneladas de óleo diesel, provocaram um dos maiores desastres ambientais da história recente do estado. O episódio ficou conhecido como o “Navio dos Bois”.

A tragédia afetou comunidades ribeirinhas e pescadores que, por meses, ficaram sem poder trabalhar devido à contaminação do Rio Pará. O cheiro dos corpos em decomposição se espalhou por quilômetros e chegou até Belém. Embora a empresa dona dos animais, a Minerva Foods, tenha firmado acordo com o Ministério Público, a indenização não cobriu os prejuízos e o navio nunca foi removido do local. Até hoje, o casco do Haidar segue semi-afundado no porto, causando perdas operacionais e servindo como um símbolo de impunidade e negligência ambiental.

Os dez anos do naufrágio reacenderam protestos em Barcarena, Belém e São Paulo, com entidades cobrando o fim da exportação de animais vivos por via marítima, considerada cruel e desnecessária. Países como a Nova Zelândia já baniram essa prática, mas o Brasil ainda discute o tema no Congresso.