Nazistas já tiveram partido no Brasil antes de se abrigarem em outras legendas

O Partido Nazista existiu legalmente no Brasil por 10 anos e espalhou-se por 17 estados. A exigência inicial para entrar na agremiação era a prova de ascendência ariana, o que, em um país tão miscigenado, poderia atrapalhar o crescimento da legenda. Apesar disso, chegou a ser a maior seção fora da Alemanha na década de 1930.
A história é pouco conhecida no país. Mesmo havendo alguns estudos importantes sobre o assunto, entre eles a tese “Nazismo tropical? O Partido Nazista no Brasil”, de Ana Maria Dietrich, o conhecimento está restrito ao mundo acadêmico. A historiadora Heloisa Starling, contudo, deve mudar essa realidade. Ela está escrevendo um livro sobre grupos políticos brasileiros de extrema direita para a “Bazar do Tempo”.
Ou seja, a pesquisa avançará para além do Partido Nazista. É que o país já conhece um pouco mais a atuação da Ação Integralista Brasileira, ainda que a dimensão dada pela professora Heloisa Starling no livro impressione. A agremiação, de explícita inspiração fascista, chegou a ter de 100 mil a 200 mil adeptos no país.
No Paraná, onde arregimentou de 35 mil a 40 mil militantes, o Partido Integralista elegeu 24 vereadores e dois prefeitos. A cena mais impressionante dessa legenda de extrema direita, no entanto, foi testemunhada em São Paulo, no longínquo outubro de 1934.
“Quarenta mil integralistas desfilaram organizados em seções, batendo as botas no chão, em cadência militar – camisas verdes, braçadeiras com insígnias em negro, a letra grega sigma, de soma – estandartes desfraldados audaciosamente à luz do dia numa marcação cênica que pretendia demonstrar força”, conta Heloisa Starling em sua pesquisa. (…)