Nem a família tem contato com Adélio, o autor da facada em Bolsonaro

Da Folha:
“Quando eu escutei aquilo, parei e pensei: é tio Tuca. Aumentei a televisão até o último volume e ouvi: Adélio Bispo de Oliveira acabou de furar Bolsonaro.” Fazia uns dois anos que Jenifer Poliana Dias de Oliveira, 21, não via o irmão de seu pai. Na tarde de 6 de setembro de 2018, a foto surgiu inesperadamente na tela, revelando à família seu paradeiro e o crime que tinha acabado de cometer.
Em Montes Claros, cidade de 400 mil habitantes no norte de Minas, o homem que esfaqueou o então candidato Jair Bolsonaro (PSL) é lembrado pelos parentes como Tuca, o tio e irmão religioso, correto e trabalhador, que em condições normais, na opinião deles, nunca teria feito o que fez.
Nos relatos feitos à Folha, três dos quatro irmãos de Adélio, uma cunhada e duas sobrinhas narraram a angústia da falta de notícias e a luta para mostrar que ele não é o monstro apontado por tantos, mas, sim, alguém com uma doença mental que precisa se tratar.
Sem estudo e sem dinheiro, a família do homem que quase matou o hoje presidente da República é aterrorizada pelo medo de que o irmão mais velho de Adélio, que é doente cardíaco e se afundou em tristeza desde o ocorrido, morra sem vê-lo uma última vez.(…)“A gente não sabe como ele está e não tem como ir lá visitar”, diz Aldeir, cabisbaixo. Ninguém da família teve como viajar a Campo Grande (MS), onde Adélio está preso desde o ataque, em penitenciária federal de segurança máxima. A transferência é descartada pela Justiça, que vê risco à integridade física dele fora dali.
(…)