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Netanyahu tenta recuar de declaração de que Hitler não queria exterminar os judeus

Da BBC Brasil:

 

O premiê israelense Binyamin Netanyahu recebeu uma onda de críticas dentro do próprio país após dizer que Hitler inicialmente não queria exterminar os judeus, mas foi convencido por um líder religioso palestino.

Em discurso na terça-feira durante o 37º Congresso Sionista Mundial, em Jerusalém, Netanyahu afirmou que a ideia de Hitler era apenas expulsar os judeus da Europa, e que o ditador alemão teria mudado os planos após orientação de Haj Amin al-Husseini, grão-mufti de Jerusalém entre 1921 e 1937.

“Haj Amin al-Husseini foi até Hitler (em 1941) e disse: ‘Se você expulsá-los, eles virão todos para cá.'”, disse o premiê. “‘Então o que devo fazer com eles?’, ele (Hitler) perguntou. Ele (Husseini) disse: ‘Queime-os'”, completou Netanyahu.

A descrição do Holocausto como sugestão palestina gerou reações imediatas, dentro e fora de Israel.

Em entrevista ao lado de Netanyahu em Berlim, para onde o líder israelense viajou após as declarações polêmicas, a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que a responsabilidade pelo Holocausto é alemã. Afirmou que os alemães tem “muito claro em nossas mentes” que os nazistas foram responsáveis.

Na mesma entrevista, Netanyahu ensaiou um recuo e disse que “ninguém deve negar que Hitler foi responsável pelo Holocausto”.

No front interno, a chefe do memorial de Israel para as vítimas do Holocausto, Dina Porat, disse que Netanyahu cometeu erros factuais.

“Você não pode dizer que foi o mufti quem deu a ideia a Hitler para matar ou queimar judeus”, afirmou a historiadora ao jornal Yedioth Ahronoth. Ao jornal Jerusalem Post, a professora sugeriu que o líder israelense se retrate das declarações.

O líder de oposição israelense Isaac Herzog escreveu em sua página no Facebook que a versão do premiê “minimiza o Holocausto, o nazismo e o papel de Hitler no terrível desastre de nosso povo”.