Nicolelis sobre a covid: “vamos viver algo que nunca imaginamos na história do Brasil”

Do GauchaZH:
Referência mundial na área de neurociência, o médico brasileiro Miguel Nicolelis vive na Carolina do Norte (EUA), onde lidera um grupo de pesquisadores do campo de fisiologia de órgãos e sistemas do corpo humano na Universidade Duke. Mas não em tempos de pandemia. Desde que o novo coronavírus chegou, ele se instalou em São Paulo para coordenar o Monitora Covid-19, um grande projeto no qual a própria população compartilha seu estado de saúde (por meio de um aplicativo no celular) e, no caso de haver sintomas da doença, recebe atendimento médico – remoto e, se for o caso, presencial.
O sistema começou a ser implantado nos nove Estados atendidos pelo Consórcio Nordeste – cuja comissão científica também é liderada por Nicolelis. Mas já está disponível em todo o país. E é, defende o neurocientista, uma ferramenta importante para conter o avanço do vírus. Até porque, como ele diz na entrevista a seguir – na qual explica a estratégia que julga mais adequada para esse trabalho –, “vamos viver algo que nunca imaginamos na história do Brasil”.(…)
O Brasil será mesmo o epicentro da doença, como o senhor já chegou a prever? O Brasil já está assumindo esse posto. Hoje dividimos esse papel com os Estados Unidos, dois países de dimensões continentais que têm líderes que não souberam lidar com a crise, Trump no início e Bolsonaro ao longo de todo o tempo. Esse nosso patamar de mil mortes por dia vai aumentar.
O Brasil ainda vai bater muitos recordes nesta pandemia, no mínimo por duas ou três semanas. Vamos alcançar números muito altos, vamos viver algo que nunca imaginamos na história do Brasil. E isso, nas proporções que vamos ver, não era inevitável. Mesmo regiões que estão sofrendo menos, como o Sul, vão sofrer bastante, de maneira que nunca imaginaram.
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