No país do excesso de trabalho, demissão silenciosa vira tendência no Japão

O Japão, historicamente conhecido por sua cultura de trabalho intenso e jornadas exaustivas, vive agora uma transformação silenciosa. Um levantamento recente apontou que cerca de 45% dos profissionais em Tóquio afirmam estar praticando a chamada “demissão silenciosa” — termo que define o comportamento de trabalhadores que fazem apenas o mínimo exigido, sem dedicação extra ou engajamento além das funções contratadas.
Esse movimento reflete uma mudança de valores entre os japoneses, que passaram a priorizar o bem-estar pessoal em vez de sacrificar a vida privada por reconhecimento profissional. Após décadas marcadas por excesso de trabalho e altos índices de doenças relacionadas ao estresse, muitos trabalhadores estão se recusando a seguir o modelo tradicional de carreira que exige dedicação total à empresa.
Especialistas apontam que a pandemia de Covid-19 teve papel relevante nessa virada de mentalidade, ao permitir mais flexibilidade e ampliar discussões sobre saúde mental. A ideia de equilibrar vida pessoal e profissional passou a ser valorizada, inclusive por gerações mais jovens que questionam a lealdade irrestrita às corporações.
A “demissão silenciosa” é vista por analistas como uma forma de protesto passivo contra condições laborais abusivas e falta de reconhecimento. Embora o termo não envolva deixar o emprego formalmente, ele sinaliza um esgotamento das expectativas com o ambiente corporativo. O fenômeno, que também cresce em outros países, está desafiando modelos tradicionais de gestão e produtividade.