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Novo candidato mascote do MBL, dono da Riachuelo esteve no centro de escândalo de fraude com bônus eleitoral

Agora que Doria foi para o buraco, o MBL resolveu transformar o empresário Flávio Rocha, dono da Riachuelo, em seu candidato de estimação.

O grupo decidiu que vai apoiá-lo na disputa pelo governo de São Paulo nas eleições de 2018.

“O Brasil precisa de um liberal de cabo a rabo”, dizem os kataguiris. “Alguém que defenda o protagonismo do indivíduo e da família na economia e nos costumes”.

Rocha, afirmam eles, sabe que “não adianta apenas prendermos corruptos se o sistema fácil para a corrupção continua, precisamos mudar o sistema”.

Em novembro de 1994, Xico Sá fez na Folha uma matéria sobre fraude com bônus eleitoral do PL. Estrelando: Flávio Rocha.

Confira no replay:

A reportagem da Folha comprou da campanha de Flávio Rocha, candidato à Presidência pelo PL (Partido Liberal), um lote de R$ 140 mil em bônus eleitorais em troca de um cheque de R$ 70 mil.

O negócio comprova a existência de um mercado paralelo formado por candidatos para a venda ilegal, com deságio (desconto), de bônus eleitorais.

Como se fossem empresários do interior de São Paulo, os jornalistas realizaram a negociação. O esquema dos bônus, criado para as eleições deste ano, permite vários tipos de irregularidades contra a Receita Federal, como sonegação de impostos e “lavagem de dinheiro” (veja quadro).

Os partidos terão acesso a um montante de R$ 3,1 bilhões em bônus este ano. Os bônus funcionam como recibos. São entregues pelos partidos aos doadores de recursos. O PL é uma das legendas mais abastecidas de bônus -solicitou R$ 177 milhões à Casa da Moeda, responsável pela emissão.

Esse estoque de bônus coloca o PL em sétimo lugar no ranking das 23 legendas que concorrem nas eleições. É uma quantia três vezes superior à do PDT, por exemplo, que terá R$ 59 milhões.

Os partidos não têm prejuízo nenhum com este tipo de operação de deságio. Para justificar a diferença entre o total de bônus e o dinheiro recebido, o tesoureiro trata de conseguir notas fiscais “frias”.

Exemplo: para um partido que vendeu um lote de R$ 140 mil em bônus e recebeu apenas R$ 70 mil em dinheiro, basta conseguir mais R$ 70 mil em notas fiscais “frias” e justificar a saída, no momento de prestação de contas, do total de bônus ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O partido apresenta notas, por exemplo, de aluguéis de carros que nunca foram alugados, compra de cartazes inexistentes etc. A reportagem da Folha tentou comprar bônus após receber a informação de que vários partidos estariam promovendo as vendas com deságio.

As informações mais precisas apontavam para transações feitas pelo PL, que havia oferecido o negócio a empresários de São Paulo. A transação, iniciada na sexta-feira da semana passada, foi concluída na noite de anteontem, nas sedes da Guararapes e Riachuelo, em São Paulo, empresas pertencentes à família de Rocha.

Foram dez telefonemas até a aquisição do lote de R$ 140 mil -28 bônus no valor de R$ 5 mil cada. A numeração de série dos bônus adquiridos, com a inscrição PARTIDO LIBERAL, vai de 2200299505 a 2200299532. As negociações foram feitas com Téofilo Furtado Neto, executivo da Guararapes e presidente da Comissão de Finanças do PL.

A venda com desconto interessa a tesoureiros das campanhas por ser uma forma de atrair as doações, que não estão tão generosas como nas eleições passadas. Para os pequenos partidos, sem chances de vitória nas eleições, o negócio torna-se mais interessante ainda. Poucos empresários se interessariam em doar recursos a estes chamados candidatos “nanicos”.

Flávio entre os rapazes do MBL