Novo capítulo do desmonte da EBC é o rompimento unilateral com a TVT

 

A televisão pública tem o dever de Estado, não de governo, de promover a pluralidade de vozes sociais na mídia. Infelizmente, o governo interino não tem esse compromisso público.

Entre as barbaridades do desgoverno Temer, foi divulgado, nesta terça-feira, o rompimento unilateral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) com a Rede TVT, a TV dos Trabalhadores.

Desde sua fundação, em 2010, a TVT é associada da TV Brasil, emissora pública da EBC. Nesses quase sete anos de existência, a TVT ajudou a levar o conteúdo da TV Brasil aos trabalhadores e aos movimentos populares, bem como contribuiu com produções no campo dos direitos humanos e no telejornalismo.

O rompimento é revanchista, uma vez que o compromisso da TVT é o de dar voz aos trabalhadores e aos movimentos populares. Tal decisão foi do conselho administrativo, controlado pelo governo interino. Antes disso, esse mesmo governo já havia destituído o presidente da EBC, Ricardo Melo, de forma ilegal, pois seu mandato estava em vigor.

Apesar do STF ter reconduzido Ricardo Melo ao cargo, em caráter liminar, o  presidente tem, agora, suas ações fortemente limitadas pelo conselho de administração da empresa, permanecendo ilhado. Eis, portanto, um quadro esquizofrênico de gestão, nitidamente marcado por autoritarismo e arbitrariedade.

Essa decisão espúria é parte do desmonte da TV Pública brasileira e, como diz em editorial a TVT, é uma agressão a todos os brasileiros, uma vez que “como empresa pública, paga com impostos de todos cidadãos, os conteúdos produzidos por ela pertencem não só à TVT, como emissora educativa, sem fins lucrativos, mas a todo e qualquer cidadão brasileiro”.

O golpe de Estado em curso carrega outros golpes, o da comunicação é um deles.

Max Alvim – documentarista e diretor de televisão

Tuto de Paula Souza – apresentador do programa Melhor e Mais Justo da TVT

Rogério da Costa – filósofo e coordenador do programa de pós-graduação em comunicação e semiótica da PUC-SP