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Novo Ensino Médio faz 3º ano ficar sem aulas de biologia, história e química

A estudante Laura Neris, de 17 anos, não se considera preparada para fazer o Enem com a redução das disciplinas regulares. Foto: Danilo Verpa/Folhapress

O novo ensino médio está fazendo com que estudantes do terceiro ano das escolas estaduais de São Paulo fiquem sem ter aulas de história, geografia, biologia, química, física, filosofia e sociologia. A nova grade curricular também prevê apenas duas aulas por semana de matemática e duas de português. O estado foi o primeiro a implementar as mudanças previstas pela nova lei, ainda na gestão do governador João Doria (PSDB), que quis pioneirismo no modelo e começou o processo em 2021. As informações são da Folha de S. Paulo.

A adequação ao novo ensino médio foi gradual: as alterações entraram em vigor no primeiro ano em 2021, no segundo ano em 2022 e no terceirão em 2023. Desde então, estudantes e professores têm reclamado da ausência das disciplinas regulares, que foram substituídas por matérias dos itinerários formativos. Eles reclamam, também, que as disciplinas formuladas para os itinerários estão descoladas do conteúdo tradicional que é cobrado no Enem e nos vestibulares.

“Eu estou no último ano do ensino médio, devia estar me preparando para fazer o Enem, ter aulas do conteúdo que vai cair na prova. Mas chego à escola e só tenho aulas sem sentido, que não ajudam em nada”, se queixou em entrevista à Folha de S. Paulo a aluna Laura Neris, de 17 anos, que estuda na escola estadual Dom Pedro I, na zona leste da capital paulista.

A Secretaria da Educação informou, em nota, que estuda ajustes na grade curricular para resolver o problema. A pasta defende a oferta de menos itinerários e novas abordagens “de forma a garantir direitos”, mas não indica se pretende ampliar a carga horária de disciplinas regulares.

A redução, ainda na gestão Doria, se deu com o objetivo de dar espaço aos chamados “itinerários formativos”, que são uma parte do currículo que o aluno poderia, em tese, escolher por uma área do conhecimento. Acontece que em muitas escolas não se tem opção de escolha.

Laura quer cursar história na faculdade e, por isso, escolheu pelo itinerário de ciências humanas quando estava no primeiro ano do ensino médio. A escola a direcionou para um itinerário chamado “Quem divide, multiplica”, que, segundo a ementa, reuniria conteúdos interdisciplinares de humanas e matemática. “As aulas são confusas, os professores não sabem que conteúdo abordar”, lamenta a estudante.

Antes da implementação do novo ensino médio, os alunos tinham duas aulas por semana de cada disciplina das áreas de humanas e ciências da natureza em todos os três anos.

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