Número de torcedores franceses que vai para a Copa no Brasil é recorde
Contagem regressiva para a Copa no Brasil. Mas, a julgar pelos jornais franceses, a poucos dias do pontapé inicial, o clima entre os torcedores franceses e os torcedores brasileiros é bem diferente.
Segundo o jornal Aujourd’hui en France, a empolgação dos franceses com a Copa do Mundo é histórica. Nunca um número tão grande se deslocou para um torneio de futebol que acontece a 10 mil quilômetros do país. Na África do Sul, 6 mil franceses viajaram para a Copa. No Mundial do Japão e da Coreia do Sul, foram 8 mil. E agora, para o Brasil, eles serão 17 mil – um recorde.
Agências que fizeram pacotes específicos para a Copa comemoram o sucesso. Um pacote com 5 diárias de hotel, passagem e ingresso custa, em média, € 2.900 (cerca de R$ 9.000). E, segundo profissionais de turismo, eles foram vendidos rapidamente.
O primeiro motivo para tanto entusiasmo dos franceses é o “fator Brasil”. O país continua a ser uma viagem dos sonhos para muitos franceses. O outro é a organização da Federação Francesa de Futebol que promete dar “todo apoio” aos torcedores franceses e não deixá-los abandonados. Para isso, a entidade vai construir nas cidades onde na França vai jogar “a casa azul”, um lounge para beber uns drinques, ver os jogos e torcer. E o melhor: a entrada nesses locais é gratuita.
Já para o jornal econômico Les Echos: “Em São Paulo, a Copa tem um gosto amargo”. Esse é o título de uma reportagem que aparece com destaque na primeira página. Thierry Ogier, correspondente do jornal no Brasil, acompanhou as últimas manifestações em São Paulo e tenta fazer um balanço do clima social no país. Para o jornalista, a três semanas do começo do Mundial, a tensão social não perde força. Ao contrário, as manifestações têm um tom cada vez mais político e colocam a presidente Dilma Rousseff sob pressão.
Na avaliação do diário, é emblemático o ativismo do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), que elegeu a construção da Arena Corinthians como símbolo do desperdício de dinheiro público. O palco da abertura da Copa custou R$ 1,2 bilhão. “Com esse dinheiro, dava pra construir casas para todos aqui”, diz um dos líderes do movimento ao jornal.
As obras para a Copa do Mundo, que deveriam deixar um legado de boas infraestruturas para os brasileiros, também são questionáveis. A modernização de vários os aeroportos, como o de Viracopos, em São Paulo, por exemplo, está longe de ser concluída.
Diante de tudo isso, a sorte está lançada. Será que os brasileiros vão se empolgar nessa reta final da Copa? Essa é a pergunta feita pelo jornal. Les Echos conclui que a “febre da Copa” começa a se espalhar pelo Brasil.
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