O Brasil na contramão: Portugal está superando a crise sem medidas de austeridade, diz Economist
Do R7:
Enquanto a Grécia recorria a um pacote de socorro oferecido pela União Europeia e pelo FMI (Fundo Monetário Internacional) para escapar de um colapso financeiro absoluto, Portugal, que também vivia uma situação bem difícil, decidiu ir por um caminho bastante diferente.
Se de um lado os gregos passaram a seguir à risca a cartilha da austeridade econômica — e, aos olhos do FMI, ainda não estão fazendo o suficiente para reparar a economia e minimizar a dívida — o governo português do primeiro-ministro António Costa, do Partido Socialista, no poder desde novembro de 2015, conseguiu reduzir o deficit fiscal ao mesmo tempo em que aumentou os salários e aposentadorias.
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A administração de Costa parece comprovar o que muitos economistas heterodoxos defendiam como resposta à crise global: mais que austeridade aguda, os países europeus precisam de medidas que elevem a demanda interna para impulsionar o crescimento.
Ou seja, se o governo gastar mais, é possível reativar a economia, aumentar as receitas e, eventualmente, reduzir o deficit orçamentário.
Portugal chegou a ensaiar um forte pacote de austeridade entre 2011 e 2014. Naquela época, Alison Roberts, repórter da BBC em Portugal, contava que o país chegou a receber ajuda de 78 bilhões euros da UE e do FMI para pagar a dívida. Em 2014, o crescimento do PIB era negativo e o desemprego chegava a 15%.
Costa chegou ao poder em 2015, encabeçando uma coalizão de esquerda e com a promessa de acabar com a austeridade a qualquer custo e em menos de dois anos, o cenário passou a ser otimista. O Banco Central português estima, para 2019, redução da taxa de desemprego para 7%, enquanto as exportações devem crescer em 6%.
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O bom desempenho da economia coloca o país na posição de um “oásis” em meio à turbulência política que atinge a Europa. Além disso, indica que a solução keynesiana – referência às teorias do economista inglês John Maynard Keynes defendendo a intervenção do Estado para impulsionar a economia – pelos portugueses está funcionando para gerar crescimento.