Apoie o DCM

O brasileiro que viajou para defender a Ucrânia, “perdeu” R$ 16 mil e se arrependeu

Combatentes brasileiros na Ucrânia. Foto: reprodução

Um ex-militar brasileiro de 28 anos de Formosa (GO), revelou à GQ Brasil sua experiência decepcionante como voluntário no exército ucraniano. O combatente, que não quis se identificar, soube da gravidez da esposa um dia antes de embarcar para a guerra em maio, mas manteve os planos. “Estava com a passagem comprada”, lembrou. Recrutado por grupos no WhatsApp e Telegram com promessas de salários de US$ 5 mil, ele retornou ao Brasil em agosto com um alerta: “Me arrependo. Não faria de novo”.

O brasileiro gastou cerca de R$ 16 mil com passagens e equipamentos, já que o material fornecido era insuficiente. “Para ter proteção mais ágil, tinha que tirar do próprio bolso”, explicou. Marcelo ainda enfrentou cobranças inesperadas, como contas de luz e gás do alojamento. “Nunca foi dito que isso seria cobrado. Sabemos que em guerra nada é fácil, mas luz e gás eles tinham que fornecer”, indignou-se.

Apesar da experiência nas Forças Armadas Brasileiras (2016-2020), Marcelo se surpreendeu com as condições na 4ª Legião Nacional de Treinamento. Ele pretendia enviar R$ 6 mil para a família, mas descobriu que as promessas eram falsas. “Sabia que estava indo para uma guerra. Mas lá vi que era tudo mentira”, desabafou.

O relato expõe os riscos enfrentados por estrangeiros recrutados para o conflito. Marcelo, que pediu anonimato, é um dos poucos brasileiros que retornaram. “Com braços, pernas e com vida”, como ele mesmo disse.