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O evento inédito no Golfo do Panamá que intriga cientistas e coloca o ecossistema em risco

Concentrações de clorofila nos oceanos ao redor do Panamá (azul = baixa, vermelho = alta) em fevereiro de 2024, mostrando pico de produtividade no Golfo do Panamá, que não aconteceu em 2025. Foto: Aaron O’Dea

Cientistas do Smithsonian Tropical Research Institute (STRI) detectaram um evento inédito no Golfo do Panamá: a ressurgência sazonal, que ocorre tipicamente entre janeiro e abril, não foi observada em 2025. Este fenômeno, registrado consistentemente por 40 anos, é crucial para o ecossistema marinho da região.

A ressurgência permite que águas frias e ricas em nutrientes das profundezas subam à superfície, mantendo as praias do Pacífico panamenho frescas no verão. Os pesquisadores alertam que a ausência do fenômeno em 2025 reduziu as quedas típicas de temperatura e os picos de produtividade característicos deste período.

As análises publicadas em setembro identificaram como causa “a redução significativa nos padrões de vento no país”, relacionando diretamente o evento às alterações climáticas. Como consequência, a produtividade pesqueira pode ter diminuído e os corais sofreram estresse térmico exacerbado sem o resfriamento proporcionado pela ressurgência.

Este caso inédito demonstra como as mudanças climáticas podem afetar processos oceânicos estabelecidos, com impactos diretos na economia pesqueira e na conservação marinha no Panamá.