“O governo não vai fazer nada”, diz líder yanomami sobre desaparecimento de 24 indígenas

O líder Yanomami Júnior Hekurari Yanomami, que é presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena e Ye’kuana (Condisi-YY), acusou o governo federal de descaso em relação ao desaparecimento dos 24 indígenas da aldeia Aracaçá, na região Waikás, em Roraima. De acordo com ele, a própria comunidade investigará o caso.
Júnior e outras lideranças indígenas da região desistiram de esperar pela ajuda do governo federal, segundo informações do jornal Correio Braziliense. Os 24 indígenas não são vistos desde a semana passada, depois da acusação de estupro seguido de morte de uma menina de 12 anos da etnia. Além da acusação de falta de apoio político e desamparo de organismos federais, os indígenas convivem com o medo de serem vítimas de mais violência.
A Polícia Federal tem agido pouco para esclarecer o caso, de acordo com Júnior. Ele acompanhou os agentes da PF até o local onde viviam os indígenas desaparecidos, mas foi cobrado para que houvesse um “corpo caído”, que, de acordo com os policiais, seria necessário para o prosseguimento das investigações. No local onde os Yanomamis viviam, há apenas restos daquilo que seria a comunidade.
“Culturalmente, queimamos o corpo para fazer ritual e cerimônia. Por isso, não foi encontrado. Mas a comunidade continua queimada e os parentes desapareceram e a gente não sabe por que. Não temos muitas informações. O governo não vai fazer nada, os policiais não podem prender os garimpeiros, só podem destruir os equipamentos deles. Enquanto isso, eles (os exploradores) vão continuar”, afirmou Júnior Hekurari Yanomami.