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O homem por trás dos ataques virtuais ao ministro do STF Barroso

Do GGN:

Desde o final de 2015, quando encabeçou uma discussão no Supremo Tribunal Federal que fez a maioria da Corte invalidar a comissão especial do impeachment da Câmara contra Dilma Rousseff, o ministro Luis Roberto Barroso virou alvo preferencial de uma série de textos publicados no site “Vetorm.com”.

O sítio já abordou a existência de uma offshore nos Estados Unidos em nome da esposa de Barroso, a renovação de um contrato entre a Eletronorte e o escritório de advocacia do pai do ministro, a relação de pessoas de sua família com empresas investigadas pela Operação Lava Jato, entre outros temas que, em tese, denotam falta de “ética e imparcialidade” por parte do magistrado.

Nas últimas semanas, contando com o apoio dos blogueiros de Veja, o portal praticamente passou a fazer campanha para que Barroso seja expulso do STF por ter “favorecido” Dilma ou, no mínimo, impedido de tomar qualquer decisão no âmbito da Operação Lava Jato. Em alguns textos, há pedidos diretos para que ele se declare “suspeito”. Todas as publicações são feitas sem a assinatura de um responsável pelas informações.

Com ajuda de um especialista em web, o GGN descobriu que o Vetorm.com – ou Vetor Mil Documento e Informação – está hospedado na cidade de Davis, na Califórnia (EUA). O registro foi feito em setembro de 2012, com apoio do servidor de DNS da Oi Soluções Empresas, em nome de Ari Cristiano Nogueira.

LIGAÇÕES COM PSDB

Ari Cristiano Nogueira é ex-assessor parlamentar do deputado federal licenciado Valdir Luiz Rossoni (PSDB), atual secretário-chefe da Casa Civil do governo do Paraná. Segundo os dados levantados pela reportagem, Ari mora em Curitiba, capital federal da Lava Jato.

Ari virou destaque na Gazeta do Povo e outros jornais quando foi denunciado por procuradores estaduais por integrar uma lista de funcionários fantasmas que Rossoni cultivava na Assembleia Legislativa do Paraná desde a década de 1990. O prejuízo aos cofres públicos passou da casa dos R$ 700 mil. Em maio passado, o tucano teve R$ 2,3 milhões em bens bloqueados em função do processo.

Em agosto de 2013, ano das manifestações contra o reajuste das tarifas de transporte público coletivo, André Barrocal, repórter da CartaCapital, revelou que Ari Cristiano Nogueira usava o codinome Ary Kara para convocar grupos de direita para atos que ficaram conhecidos como “Operação Sete de Setembro”.

“Até junho de 2012, [Ari] era assessor do presidente do partido no Paraná [Rossoni], como contratado na Assembleia. Deixou o gabinete para trabalhar na campanha à reeleição do então prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, que concluía o mandato herdado em 2010 do atual governador do Paraná, o tucano Beto Richa (PSDB).”

Contra Ari consta na Procuradoria Regional Eleitoral do Rio de Janeiro uma condenação por usar a ONG Brazil No Corrupt – Mãos Limpas, da qual é proprietário, para fazer propaganda irregular e atacar adversários dos deputados Jair Bolsonaro e Flávio Bolsonaro. Em 2011, essa mesma ONG foi usada para criar nas redes sociais uma campanha contra o PT no julgamento do mensalão. Um dos atuais alvos do site é o deputado federal Wadih Damous (PT), defendor de Dilma no impeachment junto a OEA (Organização dos Estados Americanos).

Em meados de 2016, Nogueira foi convocado para assumir o cargo de assistente administrativo da Junta Comercial do Paraná.

ANONIMATO

Em janeiro, quando publicou que a esposa do ministro Barroso é suposta dona de uma offshore nos Estados Unidos, o Vetorm.com foi enquadrado pelo jornalista Carlos Newton, do Tribuna da Internet, que criticou a falta de transparência. Newton vinha acompanhando e endossando as denúncias contra Barroso desde a decisão do STF que “beneficiou” Dilma no impeachment, mas achou muito baixo um ataque sem que a fonte de informação tivesse dono.

Em resposta, o Vetorm.com sustentou que não usa “anonimato” para atacar Barroso, “tanto que é uma empresa constituída no Brasil em parceria com outro ex-jornalista do UOL, Globo e Gazeta do Povo da empresa Politika.” Dados do site apontam que esse jornalista seria Marcus V. R. Gomes, que também vive em Curitiba.

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