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“O melhor que tenho para dar é agora”: Bial fala sobre biografia de Isabel do Vôlei

Pedro Bial e a biografia de Isabel Salgado, “Isabel do vôlei da vida: a onda mais alta de Ipanema”. Foto: Divulgação

Pedro Bial conta que foi convocado pelos filhos de Isabel Salgado para escrever “Isabel do Vôlei da vida: a onda mais alta de Ipanema”, pedido feito para que os netos soubessem quem foi a atleta, militante e figura central da cultura carioca. Ele diz que a obra não poderia seguir o formato tradicional porque a própria Isabel desafiava convenções.

“Até tentei, mas soou falso”, afirmou ao jornal O Globo. A narrativa em forma de carta aberta, segundo ele, aproxima o leitor desse universo. Bial lembra que a amiga vinha de uma linhagem feminina forte e não conformada, e que a família nunca foi uma barreira para essa liberdade. “Quando Isabel disse ‘vou jogar vôlei’, a mãe não sabia nem o que era uma bola”.

Ao falar da escrita, ele reconhece que a trajetória da atleta acabou puxando a sua. A convivência na Ipanema dos anos 1960 e 1970, marcada por artistas e utopias culturais, aparece como pano de fundo dos dois. “Aquele Brasil não chegou a existir. Mas alguns princípios ficaram”, diz. Bial também fala sobre envelhecimento e exposição, lembrando que Isabel planejava um podcast sobre etarismo e diz sentir esse tipo de julgamento, sobretudo nas redes. Ainda assim, vê na maturidade um ponto alto da vida. “Acho que o melhor que tenho para dar é agora”, afirma.

Bial também relata que lidava, ao mesmo tempo, com a morte da mãe, de 101 anos, o que intensificou o mergulho emocional na obra. Ele admite que a família confiou nele para temas delicados, como o episódio em que Isabel considerou fazer um aborto. “Não estava ali para constranger ninguém”, afirma.