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Um breve perfil do primeiro homem da Fifa a admitir corrupção

Da bbc:

De todas as histórias que emergiram do escândalo de corrupção na Fifa, uma das mais espetaculares é a do americano Chuck Blazer, ex-membro do Comitê Executivo da entidade e agora o primeiro a admitir às autoridades que recebeu propina relacionada à escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010.

Em um depoimento concedido a autoridades dos Estados Unidos em 2013 – cuja transcrição foi divulgada pela primeira vez nesta quarta-feira – ele afirma que também recebeu suborno pela escolha da sede da Copa de 1998 e se declara culpado de 10 acusações, entre elas sonegação fiscal.

As informações implicam uma série de outros altos executivos da Fifa. Na semana passada, 14 pessoas foram acusadas de suborno, formação de quadrilha para extorsão e lavagem de dinheiro.

O Departamento de Justiça americano afirma que a entidade aceitou propinas e comissões estimadas em mais de US$ 150 milhões durante um período de 24 anos.

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O envolvimento de Blazer com o futebol começou quando ele treinou o time de seu filho na cidade de New Rochelle, em Nova York, nos anos 1970.

Seu talento como vendedor e seu conhecimento sobre o negócio do futebol o fizeram seguir carreira em organizações regionais e, em seguida, na Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf).

O americano aliou-se ao administrador de futebol de Trinidad e Tobago Jack Warner para arquitetar a eleição de Warner para a presidência da Concacaf em 1990.

Os dois levaram a sede da Concacaf da Cidade da Guatemala para os Estados Unidos. Nesta época, Blazer assinou um contrato com a Concacaf que lhe dava direito a 10% de comissão em todos os contratos de patrocínio e de cessão de direitos para a TV da organização por meio de sua empresa, a Sportvertising. A manobra o rendeu o apelido de “Sr. Dez Porcento”.

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Há relatos de que ele manteria um apartamento para ele e outro só para seus gatos no famoso arranha-céu Trump Tower, em Nova York, que Warner o acusou de ter comprado com fundos da Concacaf.

Seu estilo de vida luxuoso começou a ser questionado quando investigadores americanos passaram a examinar pagamentos confidenciais feitos em contas internacionais operadas por Blazer.

Ao ser abordado por policiais federais em 2011, o executivo teria concordado em gravar conversas com seus colegas usando um microfone escondido em um chaveiro.

No depoimento às autoridades americanas, Blazer afirma que “começando por volta de 2004 e até 2011, eu e outros do Comitê Executivo da Fifa concordamos em aceitar propinas relacionadas com a escolha da África do Sul como país-sede da Copa do Mundo de 2010”.

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“Eu e outros aceitamos propinas e comissões relacionadas com a transmissão e outros direitos das Copas de Ouro (campeonato regional da Concacaf) de 1996, 1998, 2000, 2002 e 2003”, afirmou o americano.

O Departamento de Justiça americano diz que Blazer, que tem 70 anos e estaria sofrendo de câncer no cólon, devolveu mais de US$ 1,9 milhão aos cofres americanos ao dar o depoimento e concordou em pagar outra parte quando receber a sentença.

Além da investigação americana, autoridades suíças também examinam a escolha das sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022.