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O processo de criação da primeira capa do Charlie depois do massacre

Luz com a capa histórica
Luz (no centro, de óculos) e a capa histórica
Um jornalista do Guardian ficou durante uma semana na redação do Charlie Hebdo, em Paris, para acompanhar a edição seguinte ao massacre.

Ele conta como a capa foi feita:

Na quarta-feira passada, visitantes e jornalistas se amontoaram numa cafeteria para ouvir o cartunista Renald Luzier – conhecido como Luz – falar sobre a edição 1.178 do Charlie Hebdo. Nós aplaudimos quando Luz tomou seu lugar, desajeitadamente.

Ele falou sobre o bloqueio criativo que o tinha sufocado inicialmente. “Eu escrevi em tinta vermelha: ‘Liberdade de expressão o caralho’ – e o desbloqueio começou ali.”

Em seguida, ele pareceu desabar ao descrever exatamente como a capa surgiu: “Havia apenas a idéia do desenho de Maomé: ‘Eu sou Charlie’. E eu olhei para ele. Ele estava chorando. E eu escrevi acima: ‘Tudo está perdoado’. Era a capa. Finalmente tínhamos a maldita capa, e era a nossa capa. Não a capa que o mundo queria, mas a que queríamos fazer. Não a capa que os terroristas queriam, porque não há terroristas nela. Só um homem chorando, um cara chorando – Maomé. Lamento tê-lo colocado na capa de novo, mas o Maomé que fizemos é, acima de tudo, um cara chorando.”