“O PT foi fundado num mundo que está indo cada vez mais embora”, diz Jaques Wagner

De Rafael Moro Martins no The Intercept Brasil.
(…)
Apesar de tentar minimizar o mau resultado (“Quem é que vota num prefeito porque ele é do PSDB ou do PT? Essa é outra tentativa de jogar poeira nos olhos das pessoas”), Wagner não se furtou a uma análise dura sobre a atual situação do PT e da esquerda.
“O PT foi fundado num mundo que está indo cada vez mais embora. Por isso é que falo que precisamos de uma mudança geracional”, falou. “A gente ainda não atualizou a agenda do mundo do trabalho”, admitiu, questionado sobre como um partido nascido no sindicalismo de categorias numerosas fará para se conectar com um trabalhador cada vez mais informal e uberizado.
Essa mudança já está se manifestou eleitoralmente com a ascensão de Guilherme Boulos, a quem considera o líder da esquerda brasileira “com a visão mais antenada com os problemas contemporâneos”. “Boulos pisa um movimento que é típico da sociedade contemporânea, de moradores de rua, sem teto. O dia a dia dele é na rua. Acho que ele tem essas vantagens comparativas: a da geração [a que pertence] e do tipo de movimento que ele tem”.
Wagner também fez avaliações fadadas a despertar a ira de boa parte da esquerda, como a de que a chamada “agenda identitária” ocupou, a seu ver, lugar excessivo na pauta política e que isso, segundo ele, isso teria acuado setores mais conservadores que em seguida se identificaram com a língua chula de Jair Bolsonaro.
(…)