O que grandes chefs comem escondido? As misturas inusitadas que eles amam

Misturas improváveis como panetone com requeijão, tapioca com doce de leite e miojo com carne gelada fazem parte do cardápio afetivo de vários chefs e bartenders brasileiros. Mesmo acostumados a pratos sofisticados, eles não escondem seus “prazeres secretos” — aquelas receitas que talvez não ganhem prêmios, mas têm lugar garantido no coração. O que muitos classificariam como “guilty pleasures” vira tradição pessoal, marcada por lembranças, improviso e sabor.
Gustavo Rodrigues, chef do Sororoca Bar, em São Paulo, criou sua receita durante uma noite de geladeira vazia: panetone com requeijão cremoso. Já Bruna Martins, de Belo Horizonte, não abre mão do miojo de tomate da Turma da Mônica, com caldo e muito parmesão por cima. E tem quem vá além: o mixologista Luiz Fellipe Mascella costuma fazer um mexidão com restos de arroz, frango, feijão e macarrão — mesmo que seja de madrugada.
Outros chefs valorizam misturas entre doce e salgado. Joey Lim, do Shihoma Deli, adora salsão com pasta de amendoim, enquanto André Guidon prefere tâmara recheada com manteiga gelada. Já Dagoberto Torres, colombiano radicado no Brasil, lembra da sopa tradicional com pipoca servida na casa da avó, feita com frango, batata-doce e mandioca. Para ele, a receita é tão afetiva que faz questão de repetir em casa para os filhos.
As combinações revelam não só gostos pessoais, mas também a relação emocional com a comida. Seja doce de leite como pré-treino, miojo incrementado ou bolacha molhada no suco, essas receitas mostram que, quando se trata de prazer à mesa, não existem regras fixas. Afinal, até os maiores chefs têm seus sabores de infância que resistem ao tempo — e que, no fundo, dizem muito sobre quem eles são.