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Orelhão ainda é o principal meio de comunicação em cidades sem internet no Brasil

Adenilson Rabelo no telefone público enquanto José Alves e Cleusa Maria Carmo aguardam, no interior de Goiás. Foto: Wildes Barbosa / Agência O Globo

Um antigo meio de comunicação ainda é utilizado em localidades mais distantes do Brasil, onde não há sinal de celular ou internet confiável. Em Conceição, distrito de Goiás a 45 km de Goiânia, moradores dependem de um único orelhão instalado em frente ao mercado do empresário Adenilson Rabelo. Mesmo a 30 minutos de carro de Bela Vista de Goiás, o telefone público se tornou essencial para emergências e recados entre familiares. Com informações do Globo.

Rabelo atua como um facilitador das ligações. Ele anota mensagens para vizinhos e recorre ao aparelho da via pública quando precisa contatar empresas ou marcar consultas médicas. O aparelho cobre um raio de 15 km, alcançando trabalhadores de fazendas e sítios que precisam manter contato com parentes em outros estados.

O uso do telefone público reflete a escassez de orelhões no país. De 810 mil aparelhos em 2019, restam hoje cerca de 78,5 mil, com apenas 330 ativos em Goiás. A manutenção é obrigatória em localidades onde a Oi é a única prestadora, mas fora dessas áreas os orelhões podem ser retirados. Em zonas rurais, alguns funcionam com baterias alimentadas por energia solar.

No Tocantins, a Anatel inspecionou 63 aparelhos remotos em setembro, tornando ligações gratuitas para facilitar o acesso. As visitas a 14 cidades percorreram mais de 10 mil km em estradas precárias. Mesmo com internet disponível, comunidades rurais, assentamentos e aldeias indígenas continuam dependendo do orelhão como meio de comunicação confiável.