“Padre” vice de Roberto Jefferson não é membro da Igreja

O bolsonarista Roberto Jefferson (PTB) que se registrou para disputar a Presidência da República mesmo cumprindo prisão domiciliar, tem como vice-presidente o nome de “Padre Kelmon”, porém, ele não é membro da Igreja.
O baiano Kelmon Luís da Silva Souza, se diz ortodoxo, mas nunca foi sacerdote das igrejas da comunhão ortodoxa no Brasil. Além disso, ele celebra missas e batismos na Bahia. Kelmon também ganhou notoriedade em grupos conservadores graças ao discurso bélico contra a esquerda. As informações são da coluna de Malu Gaspar, em O Globo.
O suposto “Padre” propagandeou sua “vinculação” com a Igreja Ortodoxa em suas redes sociais e no texto que anunciou sua candidatura a vice-presidente no site oficial do PTB. Segundo o partido, o baiano foi uma escolha pessoal de Roberto Jefferson.
O padre Gregório Teodoro, membro da Arquidiocese de São Paulo e todo o Brasil da Igreja Ortodoxa Antioquina, assegurou ao O Globo, que Kelmon não guarda qualquer conexão com a comunhão ortodoxa. Ele também afirmou que questionamentos ao ordenamento de Kelmon chegam à sua instituição até hoje.
“Posso dizer com absoluta certeza que ele não pertence à Igreja Ortodoxa Antioquina e nem a qualquer das igrejas canônicas do antigo patriarcado ortodoxo”, declarou o sacerdote.
“Na legislação brasileira, cumprindo poucos requisitos necessários, pode-se registrar um CNPJ de uma igreja com qualquer nome, em respeito à liberdade de culto e de organização. Daí a ser uma igreja que pertença à comunhão ortodoxa é algo completamente diferente”, explicou Teodoro.
O fato de Kelmon nada representar para a comunidade ortodoxa causa espanto, uma vez que, o PTB informa em seu site que no ano passado o baiano foi eleito bispo pelo Santo Sínodo, autoridade suprema da Igreja Ortodoxa.
A única vinculação conhecida do bispo é com uma controversa instituição que se autoproclama Igreja Católica Apostólica Ortodoxa del Peru. É uma entidade não reconhecida pelas igrejas canônicas do antigo patriarcado ortodoxo, já que faz uso indevido de elementos religiosos e até vestimentas facilmente encontradas na internet.