Apoie o DCM

Pai de Bolsonaro foi fichado e monitorado pelo Dops

Ele

Do Globo

ditadura militar, exaltada pelo presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), fichou e monitorou o pai dele, Percy Geraldo Bolsonaro. Documentos oficiais revelam que o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), o Serviço Nacional de Informação (SNI) e o comando da Aeronáutica monitoraram as atividades políticas de Geraldo e um suposto crime atribuído a ele, previsto no Código Penal: exercício ilegal de profissão (medicina, odontologia ou farmácia) do qual ele foi absolvido em 1975.

(…)

Geraldo foi fichado pelo Dops em Santos, na década de 1970. Na ficha, uma descrição de suas atividades políticas em Eldorado (SP), cidade para onde a família se mudou e onde o presidenciável viveu sua adolescência. Além disso, o Dops anotou um indiciamento do pai pela polícia e listou três documentos oficiais trocados por órgãos da ditadura, com citações a Geraldo. Um deles é um telex enviado do Dops de Santos ao de São Paulo; outro, um ofício da delegacia de polícia de Eldorado.

Na ficha de Geraldo, o Dops registrou: “17.7.75 — Eleito vice-presidente do Diretório do MDB de Eldorado Paulista”. Mais adiante: “Aclamado na Convenção do MDB/ELDORADO, candidato a Prefeito nas eleições de novembro, o Delpol de Eldorado informa que o nominado foi indiciado em I.P. por infração ao art. 282 do CP, sendo absolvido por sentença de 18.06.1973.”

O artigo mencionado trata do exercício ilegal da profissão de médico, dentista ou farmacêutico. O próprio Dops registrou na ficha que o pai de Bolsonaro era “protético”. Em 15 de novembro de 1976, Geraldo “não conseguiu eleger-se vereador nas eleições”, conforme registrado pelo Dops dois dias depois.

A ficha está no Arquivo Público do Estado de São Paulo. Faz parte de um universo de 39,9 mil registros encontrados na Polícia Civil de Santos em 2010. Além de documentos do Dops, o acervo inclui material do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Deops) de São Paulo.

(…)