Para brasilianista, saída de Dilma mostra que impeachment poderá ser conduzido mesmo sem provas
Da BBC Brasil:
O afastamento da presidente Dilma Rousseff deixará qualquer um dos próximos ocupantes do cargo numa situação política mais vulnerável, opina Bryan McCann, professor de história brasileira na Universidade Georgetown, em Washington.
“Mostra que o processo (de impeachment) poderá ser conduzido mesmo quando não houver provas muito contundentes de responsabilidade individual”, ele afirma à BBC Brasil.
Para McCann, a retirada de Dilma gera ainda uma “impressão de instabilidade” na imagem internacional do país e encerra um ciclo para o PT.
“O PT foi capaz de formar aliança com movimentos sociais, trabalhistas e grandes empresas por 12 anos, mas agora terá de se redefinir.”
Ele diz acreditar que o governo interino de Michel Temer terá como marcas o “fisiologismo e o nepotismo” – duas coisas que, segundo McCann, são características do seu partido, o PMDB.
Ainda assim, o professor não prevê grandes turbulências nas ruas. “Os brasileiros estão cansados dessa crise, e mesmo as pessoas que se opõem ao impeachment não querem que ela continue.”
Para McCann, Temer deverá fazer alguns ajustes na política econômica para torná-la mais aberta a investimentos estrangeiros e não mexerá em programas sociais importantes.
Para Brodwyn Fischer, professora de história latino-americana da Universidade de Chicago, a proeminência do Judiciário como “árbitro da crise política” é preocupante.
“Também estou preocupada com a possibilidade de que o impeachment encoraje em vez de limitar a corrupção, e com o fato de que os que ocuparão o poder sejam tão ou mais implicados com corrupção que Dilma.”
Fischer inclui Temer nessa categoria, mencionando suspeitas levantadas “contra ele no passado e presente” e o fato de que ele “chegará ao poder contemplado por políticos” entre os quais estão nomes acusados de corrupção.