Partido de Alvaro Dias se distancia de Bolsonaro por atritos com o governo e divergência de pautas

Da Folha:
Partido com apelo ao discurso anticorrupção e pró-reformas, o Podemos tem cada vez mais se afastado da gestão Jair Bolsonaro.
A expulsão do deputado Marco Feliciano (SP), aliado do presidente, e recentes ataques da família Bolsonaro nas redes sociais abalaram a relação do governo com a legenda, que, por outro lado, mantém apoio incondicional ao trabalho do ministro da Justiça, Sergio Moro.
Apesar de se definir como independente, o Podemos chegou a ter dois vice-líderes do governo: Feliciano, na Câmara, e Elmano Férrer (PI), no Senado, esse último mantido no posto.
Na Câmara, foi mais fiel que o próprio PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito e que o presidente deixou em novembro: votou favoravelmente em 92% dos projetos enviados pelo governo, segundo levantamento do Congresso em Foco.
Representantes do Podemos, porém, não escondem o recente distanciamento gerado por pautas divergentes, principalmente no combate à corrupção, além de atritos com Bolsonaro.
No início de dezembro, o partido decidiu pela expulsão de Feliciano sob a acusação de infidelidade partidária e infração ética e moral.
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Contra atos do governo, o Podemos também ingressou recentemente com quatro ações no Supremo Tribunal Federal. Uma delas pretende derrubar a figura do juiz das garantias, mantida por Bolsonaro no pacote anticrime, apesar de recomendação contrária de Moro. O partido considerou uma traição do presidente a ausência de veto ao ponto do projeto.
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Alvaro Dias afirma que o partido mantém a mesma posição de independência, mas admite que a régua com o governo aumentou de distância. O motivo, segundo ele, é o afastamento de Bolsonaro de compromissos assumidos durante a campanha eleitoral.
“O presidente se afastou do combate à corrupção e não só eu digo isso”, afirma, citando uma das pautas mais caras ao partido. O senador acredita, por exemplo, que o ex-presidente Michel Temer (MDB), citado na Lava Jato, deu mais apoio à operação do que o atual governo.
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