PCC atua em falsificação de agrotóxicos e mira lucros bilionários, diz MP

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) confirmou a atuação da facção PCC no lucrativo mercado de agrotóxicos falsificados, um esquema que movimenta cerca de R$ 20,8 bilhões anualmente no Brasil. A descoberta ocorreu durante uma operação que investigava agiotagem na cidade de Franca, no interior paulista. Mensagens interceptadas pela polícia revelaram integrantes do PCC negociando defensivos agrícolas para lavouras de café, o que levou à prisão de dois suspeitos.
Nas conversas, os criminosos mencionavam ter recebido R$ 40 mil “pelo veneno” e discutiam a aplicação de um comprador que não honrou o pagamento por uma carga roubada. As mensagens indicavam que o devedor seria colocado na “lista negra” do grupo. Em julho, o MP-SP apreendeu mais de 30 mil embalagens que seriam utilizadas para falsificar agrotóxicos em uma das maiores operações do gênero no estado.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Econômico Social de Fronteira (Idesf), o mercado paralelo é sustentado por quatro crimes principais: roubo de carga, falsificação, contrabando e desvio de finalidade de produtos. “O criminoso não precisa se dar ao trabalho de misturar. Ele traz o produto mais barato da fronteira e coloca na embalagem de um defensivo permitido no Brasil”, explica Luciano Stremel Barros, presidente do Idesf.
O contrabando, que ocorre principalmente via Paraguai, utiliza rotas como a BR-163 para escoar a mercadoria. Dados do Idesf mostram que a Polícia Rodoviária Federal apreendeu 54,8 mil quilos de agrotóxicos ilegais nessa rodovia entre 2018 e 2021. As quadrilhas chegam a pagar tributos no Paraguai para legalizar o produto antes de cruzar a fronteira brasileira.
