Pedido de desculpas de loja foi “fraco”, diz pai de menino vítima de racismo na Oscar Freire
Do Estadão:
O pai não registrou boletim de ocorrência e também não pretende processar a marca. “Isso leva muito tempo e preferi levantar a questão de outra forma”, diz. Em comunicado enviado à imprensa, a grife se defende: “A Animale, através de sua assessoria de imprensa, informa que já entrou em contato com o Jonathan Duran e reitera que repudia qualquer ato de discriminação. O caso está sendo apurado internamente.” A resposta não convenceu a família Duran, que ainda aguarda um pedido de desculpas oficial. “Não está nada resolvido. Abri um diálogo com eles, mas me decepcionei novamente com a postura da empresa. O pedido foi fraco”, diz Jonathan.
Isso porque em nota postada na página da grife no Facebook, a Animale diz que “sempre se posicionou de forma democrática em todas as sua expressões.” Convidou ainda os clientes para conhecerem as lojas, que têm “uma grande equipe formada por profissionais das mais diversas etnias, orientações sexuais e credos. Sem limitações de imagens perfeitas impostas pela moda.”
A postagem não convenceu Jonhatan. “Está claro que foi um texto escrito por advogados e relações públicas para não comprometer a imagem da marca”, afirma. Para ele, o racismo no Brasil ocorre de maneira velada e deve ser discutido com urgência. “Acho irônico que isso tenha acontecido bem na Oscar Freire. No mundo do meu filho, que é de classe média, não há muitos negros. Ele não entende o que é isso ainda, mas de alguma forma sente. Sou da Luisiana, estado americano que tem muitos negros. Em uma viagem recente para lá, ele me disse. ‘Eu gosto daqui porque tem muita gente marrom’.”