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Pequenas exportadoras brasileiras já sentem impacto do “tarifaço” de 50% dos EUA

Estoque de microempresa em exportação por via aérea. Foto: Thinkstock

A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros que entram nos Estados Unidos, prevista para começar em 1º de agosto, já provoca efeitos negativos entre pequenas e microempresas exportadoras. Produtores de mel, móveis e açaí relatam suspensão de embarques, renegociação de preços e até paralisação da produção, diante da incerteza e do temor de perder contratos no mercado americano.

No Nordeste, cooperativas de apicultores, como a Casa Apis, tiveram contêineres bloqueados no Porto do Pecém. Um dos dirigentes alertou que as cargas retidas paralisaram o processo de coleta, afetando 97% dos produtores, cuja principal – e muitas vezes única – fonte de renda vem das exportações. A suspensão de embarques e o acúmulo de estoque já geram perdas financeiras significativas para o setor.

O segmento moveleiro, com polos importantes em Bento Gonçalves (RS) e São Bento do Sul (SC), também sente os impactos. Empresas como Politorno e Arbol reduziram a produção em até 20% devido ao cancelamento de pedidos. Dirigentes locais confirmam a revisão de contratos e demonstram incerteza quanto à possibilidade de repassar o aumento de custos ao mercado americano, o que compromete a competitividade. No Pará, produtores de açaí enfrentam um cenário preocupante, já que cerca de 75% da produção é destinada aos Estados Unidos.

A nova tarifa torna o produto menos competitivo, ameaça contratos futuros e pode provocar retração na produção, afetando pequenos agricultores e trabalhadores da bioeconomia regional. Diante desse quadro, micro e pequenas empresas buscam diversificar destinos, como Europa e Ásia, contando com apoio de instituições como Sebrae e Apex para redirecionar exportações. Sem suporte, muitas correm o risco de paralisar totalmente suas vendas externas.