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Perdendo seguidores nas redes, Bolsonaro passa a falar de vacina

Presidente Jair Bolsonaro deixa o Congresso Nacional após tomar posse. Depois de passar as tropas em revista, o presidente seguiu para o Palácio do Planalto. Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

De Guilherme Caetano no Jornal Extra.

Instalada no fim do mês passado, a CPI da Covid no Senado coincidiu com dois movimentos nas redes sociais do presidente Jair Bolsonaro e de parlamentares aliados. Desde 16 de abril, dois dias após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar a instalação da comissão, houve 11 dias em que o presidente perdeu seguidores, segundo levantamento da consultoria Bites. Além disso, apoiadores de Bolsonaro passaram a usar a palavra vacina com mais frequência e deixaram de lado a expressão “tratamento precoce”.

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Somando os dias de queda de seguidores com outros oito em que os números não mudaram significativamente, são 19 dias em que a popularidade do presidente não cresceu em Twitter, Facebook, Instagram e YouTube. Segundo André Eler, diretor-adjunto da Bites, que monitora redes sociais, é o maior intervalo de estagnação na comunicação digital do governo desde o início do mandato.

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Bolsonaro teve em 2020 apenas quatro quedas na base de seguidores, e só uma delas durou dois dias consecutivos. A pressão da CPI levou o vereador do Rio Carlos Bolsonaro a Brasília, onde passou duas semanas ajudando o gabinete presidencial a rever a estratégia de comunicação do governo, segundo mostrou O GLOBO.

— A mudança de narrativa do governo nas redes sobre a pandemia desarticulou o bolsonarismo. Ele ainda não encontrou um discurso para retomar a hegemonia no ambiente digital — diz Eler.

Ainda segundo a Bites, Bolsonaro e seus filhos Flávio, Carlos, Eduardo e Renan vem usando mais o termo “vacina”, que, em abril, alcançou o pico de menções — 15% do total de publicações. Menções em defesa do que eles chamam de “tratamento precoce” para a Covid-19 caíram e se encontram próximas de 1% do total.

A Bites notou o mesmo padrão ao analisar todas as 89,4 mil publicações em redes sociais de 90 parlamentares defensores de Bolsonaro no Congresso. Esse grupo fez 266 menções a tratamento precoce em março e 126 no mês seguinte. Já as publicações referentes a vacinas se mantiveram num patamar mais alto: 2,2 mil citações em março e 1,9 mil em abril.

— O volume de menções a tratamento precoce, cloroquina, azitromicina, ivermectina ou “atendimento precoce” esteve em alta em março, mas cai com a proximidade da CPI e hoje é residual — diz Eler.

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