‘Perdeu, mané’: cabeleireira que pichou estátua do STF deixa prisão e volta ao interior de SP

A cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos, de 39 anos, voltou para sua casa em Paulínia, no interior de São Paulo, após deixar o Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro na noite desta sexta-feira (28). Ela foi presa por ter pichado com batom a estátua “A Justiça”, em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF), durante os atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), as circunstâncias do caso justificaram a conversão da custódia em prisão domiciliar, mas não a liberdade plena.
Agora sob medidas cautelares, Débora terá de usar tornozeleira eletrônica e está proibida de usar redes sociais ou conceder entrevistas. “Os requisitos estabelecidos no art. 318-A do CPP estão atendidos”, afirmou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ressaltando que ela é mãe de duas crianças menores de 12 anos e que não há provas de que tenha cometido crimes contra a vida. Em paralelo, o STF não autorizou a revogação completa da pena, pois o caso ainda precisa ser analisado em julgamento.
De acordo com o processo, Débora viajou de Paulínia ao Distrito Federal em 7 de janeiro, quando permaneceu no Quartel-General do Exército e, no dia seguinte, pichou “perdeu, mané” na estátua da Justiça. Relator da ação, o ministro Alexandre de Moraes chegou a votar pela condenação da cabeleireira a 14 anos de prisão — parte em regime fechado —, mas o julgamento ficou suspenso após o ministro Luiz Fux pedir vista para revisar a dosimetria da pena.
Fux tem até 90 dias para devolver o caso à Primeira Turma do STF, onde a denúncia segue em análise. Enquanto isso, Débora está em casa, mas submetida às restrições impostas pela Corte. Segundo Moraes, a situação dela “não pode ser comparada a uma simples pichação em muro”, já que houve invasão à Praça dos Três Poderes e dano qualificado ao patrimônio público, em meio aos atos antidemocráticos.