Perito sem qualificação fez laudo sobre acidente de helicóptero que matou filho de Alckmin
Da Folha:
A Polícia Científica de São Paulo escalou um perito sem qualificação técnica sobre acidentes aéreos para apurar as causas da queda do helicóptero que matou o filho do governador do Estado, Geraldo Alckmin (PSDB).
Foram nas conclusões desse perito, o engenheiro Hélio Rodrigues Ramacciotti, que a Polícia Civil se baseou para indiciar três pessoas sob a suspeita de homicídio culposo (sem intenção de matar).
O Ministério Público Estadual, porém, que tem investigação própria (esta sim com especialistas em acidentes aéreos), refutou o laudo de Ramacciotti e decidiu não denunciar as pessoas acusadas pela polícia e prosseguir com sua apuração própria.
Um dos motivos sustentados pela Promotoria para refutar o laudo, segundo documento enviado à Justiça, foi justamente a “falta de qualificação formal em investigações de acidentes aéreos”.
O perito Ramacciotti, segundo documento da Promotoria, tem formação de engenheiro elétrico e de segurança do trabalho, mas não sobre acidentes aéreos.
Segundo peritos do Instituto de Criminalística ouvidos pela Folha, ele necessitaria de um curso no Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) da Aeronáutica para fazer esse tipo de laudo.
A própria Polícia Científica tinha em seus quadros um profissional com esse curso, o perito Antônio de Carvalho Nogueira Neto –que participou das investigações do acidente da TAM em 2007–, mas ele não foi escalado pelo instituto para essa tarefa.
Agora, ele ajuda os técnicos no Ministério Público Estadual a explicar o acidente.
CONCLUSÕES
Além de Thomaz Alckmin, 31, filho do atual governador de São Paulo, estavam no acidente outras quatro pessoas -entre elas funcionárias da empresa de manutenção.
Ramacciotti apontou em suas conclusões que a queda do helicóptero, em 2 abril de 2015 em Carapicuíba, na Grande SP, foi provocada pela desconexão de peças da aeronave (alavanca e flexível).
Assim, a falha seria da equipe de manutenção.
O perito chegou a fazer testes em um helicóptero para demonstrar sua tese.
De acordo com o Ministério Público, porém, o modelo utilizado pela perícia de São Paulo era muito diferente daquele que caiu. Foi utilizado um Pantera K2, enquanto o certo seria um 155 B1 –maior e mais moderno.
Já os testes da Promotoria foram feitos com modelo igual ao acidentado. O resultados foram muitos diferentes –o helicóptero nem sequer levantaria voo se tivesse o problema apontado pelo perito do Instituto de Criminalística.