Pesquisador pisa 40 mil vezes em jararacas para estudar suas picadas

O biólogo João Miguel Alves Nunes, pesquisador do Instituto Butantan, em São Paulo, utilizou um método inusitado para entender quando e por que cobras peçonhentas picam: ele pisou ou chegou muito perto desses animais dezenas de milhares de vezes. Nunes usou mais de 100 jararacas em sua pesquisa, uma espécie de serpente comum na América do Sul e responsável por picar cerca de 20 mil pessoas anualmente. Os resultados do estudo foram publicados na revista científica Nature.
O pesquisador explicou que seu método, que envolvia pisar nas cobras ou muito perto delas com botas especiais de proteção, permitiu refutar a suposição de que jararacas mordem apenas quando tocadas. Ele realizou 40.480 pisadas em 116 cobras, revelando que a probabilidade de uma jararaca morder é inversamente proporcional ao seu tamanho e que as fêmeas são mais agressivas que os machos, especialmente quando jovens e durante o dia.
O estudo também mostrou que as cobras são mais propensas a morder em temperaturas mais altas, quando estão mais ativas e energizadas, e que as chances de ser mordido aumentam se as cobras são tocadas na cabeça em vez de no meio do corpo ou na cauda.