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Pesquisadores do Ipea soltam manifesto pró-Lula

Sede do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. Foto: Reprodução

Um grupo com mais de 100 pesquisadores vinculados ao Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, órgão ligado ao Ministério da Economia, divulgou um manifesto em que defende o voto no ex-presidente Lula (PT) no segundo turno da eleição que ocorre no domingo (30).

O órgão foi alvo de denúncias de ingerência política durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL), e chegou a divulgar comunicado no qual ameaçava punir pesquisadores que divulgassem estudos sem autorização do comando da instituição.

Divulgado na última quinta-feira (27), o documento “Grupo de ipeanas e ipeanos em defesa da democracia, das instituições e do Estado” também faz críticas à proposta de reforma administrativa do governo bolsonarista, às políticas de combate à pandemia e aos ataques ao Judiciário.

“Não compactuamos com o crescente desmonte das políticas públicas e a consequente falta de acesso aos direitos sociais. Não compactuamos com as ameaças às instituições e o risco à democracia que estamos presenciando diuturnamente”, diz o documento.

“Neste contexto, o único caminho possível para a reconstrução do Estado e da democracia, para a defesa dos direitos e o fortalecimento das instituições públicas é a eleição de Lula/Alckmin.”

Leia a íntegra do documento:

Grupo de Ipeanas e Ipeanos em defesa da democracia, das instituições e do Estado

Nos últimos anos temos acompanhado diversas tentativas de reduzir o papel do Estado e desacreditar as carreiras públicas com o objetivo de construir um Estado mínimo, cuja atuação não estaria voltada para a defesa dos direitos da população. Não há reconhecimento da importância dos servidores públicos para garantia dos serviços que beneficiam a população.

A proposta de Reforma Administrativa, contida na PEC 32/2020, é uma das expressões dessas tentativas. Com o argumento da eficiência e do combate aos privilégios, a PEC atua apenas na base do Executivo, enfraquecendo as carreiras públicas e, consequentemente, enfraquecendo o próprio Estado. Este ataque ao setor público impacta não apenas o funcionamento e oferta de serviços, mas também a garantia de direitos dos povos indígenas, quilombolas, bem como o enfrentamento da violência contra as mulheres, contra a população LGBTQIA+ e contra a população negra.

Este ataque se dá também por meio do assédio institucional, que tem atingido um número cada vez mais expressivo de servidores públicos, fenômeno já analisado e descrito em livro publicado sobre o tema pela Afipea, em 2021, que evidência como um conjunto de políticas públicas vêm sendo desmontadas ao longo dos últimos anos e discute casos de assédio em vários órgãos.

Recentemente, os servidores do Ipea questionaram, por meio de sua Associação, o uso político do órgão, por ocasião do lançamento de estudos, em período eleitoral, que não obedeceram ao rigor técnico-científico que pauta o processo de publicação de trabalhos na Casa.

O ataque é dirigido também à ciência, como ficou evidenciado pela condução desastrosa da pandemia, com a defesa de medicamentos comprovadamente ineficazes, a adoção de posição contrária às medidas de distanciamento social e a demora na aquisição de vacinas que custaram milhares de vidas; pela rotineira e inaceitável asfixia financeira das universidades e instituições de pesquisa; e, mais recentemente, pelo boicote à nomeação da médica e professora Deisy Ventura, indicada para assumir uma cadeira no Comitê de Emergência da Organização Mundial da Saúde (OMS).

São preocupantes as críticas ao STF. Nos preocupam, também, o peso que o orçamento secreto ganhou e a pouca transparência na aplicação desses recursos. É fundamental fortalecer as bases do Estado Democrático de Direito.

Por tudo isso, nós, pessoas físicas lotadas e aposentadas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, fazemos questão de nos posicionar. Não compactuamos com o crescente desmonte das políticas públicas e a consequente falta de acesso aos direitos sociais. Não compactuamos com as ameaças às instituições e o risco à democracia que estamos presenciando diuturnamente. Entendemos que, neste contexto, o único caminho possível para a reconstrução do Estado e da democracia, para a defesa dos direitos e o fortalecimento das instituições públicas é a eleição de Lula/Alckmin.

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