Petróleo a US$ 30 lança dúvidas sobre o pré-sal
Da dw:
Em agosto de 2008, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil havia ganhado um “bilhete premiado” ao encontrar reservas de petróleo na camada pré-sal do litoral brasileiro. No mês seguinte, ele participou da primeira extração simbólica do óleo na plataforma P-34, da Petrobras, no campo de Jubarte, no litoral sul do Espírito Santo. Naquele ano, o preço do barril chegou a 140 dólares.
Mesmo com o investimento pesado para retirar o ouro negro das profundezas, o preço do óleo no mercado internacional compensava os valores gastos. Com a exploração do pré-sal, estimava-se que o Brasil entraria na lista dos dez maiores produtores de petróleo do mundo e ganharia centenas de bilhões em royalties.
Mas, na semana passada, o preço do barril atingiu o menor valor em quase 13 anos, abaixo de 28 dólares. Com um valor tão baixo, especialistas questionam se os grandes investimentos necessários para extrair o petróleo do pré-sal valem a pena, ainda mais num momento em que a Petrobras acumula uma dívida bruta que ultrapassa os 500 bilhões de reais e está com a imagem arranhada junto a investidores por conta da Operação Lava Jato.
“No caso do pré-sal, o preço atual do barril não é viável, já que o break even [preço mínimo a partir do qual a produção é economicamente viável] é em torno de 45 dólares”, afirma Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). “A produção vai continuar, já que não se pode parar de extrair petróleo, mas a empresa vai ganhar menos em comparação com a época em que o barril valia 100 dólares.”
Para Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec-RJ, enquanto houver a crença de que o preço do barril voltará a subir, deverá prevalecer o posicionamento estratégico de manutenção da produção, mesmo que hoje os poços apresentem deficit. “Não há uma garantia de que o pré-sal será viável no curto prazo, apenas a crença de que o comportamento dos ciclos econômicos sugere uma recuperação da economia global nos próximos anos. E, se o petróleo for ainda uma commodity raiz, o preço deverá se recuperar”, explica.
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