Piketty aplaude ideia de Obama de taxar os ricos
Do el país
Thomas Piketty, o economista francês que colocou as desigualdades no centro do debate nos Estados Unidos e Europa, aplaudiu nesta quarta-feira o discurso do presidente Barack Obama sobre o Estado da União. Obama concentrou boa parte do discurso nas disparidades de renda e riqueza e na maneira de atenuar isso depois que a primeira economia mundial conseguiu superar uma das piores crises das últimas décadas.
“Sim, este discurso vai claramente na direção certa”, disse Piketty ao EL PAÍS por e-mail. O economista, autor do best-seller O Capital no Século XXI, elogia, entre as medidas propostas pelo presidente dos EUA, o restabelecimento “de um mínimo impositivo para os mais ricos a fim de investir na educação”.
Não se sabe se Obama leu o livro de Piketty, mas, como apontaram alguns comentaristas nos EUA, suas ideias sobrevoam o discurso do presidente.
Uma das medidas centrais de Obama para reduzir as desigualdades é aumentar os impostos sobre os rendimentos do capital e sobre as heranças. E um dos argumentos centrais do livro de Piketty é que a disparidade entre as remunerações procedentes de investimentos e a acumulação de patrimônio – por meio de heranças, por exemplo – e os ingressos dos assalariados, aumenta as desigualdades.
“A realidade é que o discurso sobre o Estado da União foi muito bom, mas o presidente Obama tem uma ideia para torná-lo ainda melhor: cobrar impostos de Wall Street e dos super-ricos para que o trabalho da classe média seja mais rentável”, escreveu o jornalista Matt O’Brien no The Washinton Post. “É Piketty com sotaque norte-americano.”