Pimenta diz que isolar o bolsonarismo radical é “estratégico para a democracia e para o país”
Em entrevista ao Valor Econômico, o ministro da Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, disse acreditar que isolar o bolsonarismo radical é “estratégico para o governo, para a democracia e para o país”:
(…) O governo tem uma estratégia, e também alguns setores do Congresso e do Judiciário, de tentar isolar o bolsonarismo radical. As denúncias contra Bolsonaro contribuem para isso?
Houve um processo acelerado de degradação, de desconstrução, que faz com que determinados setores tenham até vergonha de terem vinculado o seu nome, o seu prestígio a determinadas condutas de figuras muito próximas do ex- presidente, dele mesmo, que o leva a um processo acelerado de isolamento. Então, eu acho que mesmo para uma direita clássica, liberal, é importante que no processo democrático ela tenha a sua expressão. Ela vai cada vez mais se desvincular [dos radicais].
Atrair o Centrão para o governo é uma forma de isolar o bolsonarismo?
Com certeza, na medida em que se cria um ambiente e se busca convergências para aprovar projetos de interesses maiores do que o próprio governo, como a reforma tributária, o marco fiscal. Quem ajuda a construir essa política se compromete pra ela dar certo, porque se sente parte do projeto. E os setores do bolsonarismo que insistem numa posição mais radical cada vez mais vão perdendo capacidade de diálogo, inclusive com os setores que votaram no Bolsonaro. No futuro, as pessoas vão ter um profundo constrangimento, vergonha, quando alguém lembrar que alguém da sua família era bolsonarista. Podem levar isso até como uma ofensa.
Diante de tudo que aconteceu no 8 de janeiro, é estratégico para o governo isolar esse essa ala mais radical do bolsonarismo?
Eu acho que isso é estratégico para o governo, para a democracia e para o país. (…)