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Planalto teme risco de nova recessão e parlamentares adiam reação a Bolsonaro

O presidente Jair Bolsonaro (centro), ao lado dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (esq.) e do Senado, Davi Alcolumbre (dir.), após reunião – Marcos Corrêa/PR/AFP

De Denise Rothenburg e Rosana Hessel no Correio Braziliense.

As notícias de que há risco de a economia desandar e o receio de que manifestações do próximo domingo sejam esvaziadas levaram o presidente Jair Bolsonaro a, mais uma vez, defender os atos programados para 15 de março. As falas do presidente, de que está com “uma faca no pescoço”, e do general Augusto Heleno, de que há uma “resistência muito grande ao Brasil estar dando certo” e de que há uma “rede de corrupção”, foram vistas por analistas como uma “vacina” diante do que está por vir ––  um cenário em que a economia mundial pode caminhar para uma recessão devido aos impactos do novo coronavírus levando o Brasil junto e, consequentemente, derrubando os preços dos ativos.

As declarações foram feitas em Boa Vista, numa escala do voo presidencial em Roraima, antes de seguir para os Estados Unidos, onde Bolsonaro cumpre intensa agenda. O presidente defendeu os atos, dizendo que não são contra o Congresso e nem contra o Judiciário, mas, sim, pró-Brasil. Acrescentou que quem tem medo de rua não serve para ser político. Criticou “pessoas” que não pensam no Brasil, só nelas. Entretanto, não deu nomes. A fala fez aumentar a tensão entre os poderes, porque, nas redes sociais, muitos apoiadores se referem ao movimento de 15 de março como algo contra o Legislativo e contra o Judiciário.

Os congressistas, porém, não pensam em colocar mais combustível no tanque da crise política, uma vez que os problemas reais que o país enfrenta no campo econômico são mais urgentes. O desemprego continua elevado e o Produto Interno Bruto (PIB) cresce muito pouco. Com o aumento dos casos de coronavírus no Brasil, muitos líderes consideram que seria razoável o presidente da República, em vez de chamar manifestações, convocar os outros dois poderes ao diálogo, a fim de proteger a população e a economia. Analistas estrangeiros têm dito que o mundo caminha para uma recessão e o Brasil pode repetir o desastre do governo de Dilma Roussef. UMa recessão seria dramática para os interesses do governo.

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