Pleno emprego pode ameaçar a economia, diz Campos Neto

Durante entrevista à CNN Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, expressou preocupação com a possibilidade de alcançar o pleno emprego no mercado de trabalho brasileiro.
Segundo ele, apesar de ser vista como uma surpresa positiva, há temores sobre o potencial impacto inflacionário dessa situação, com empresas que enfrentam dificuldades para contratar podendo ser obrigadas a aumentar os salários para manter a produção, o que poderia desencadear um processo de crescimento da inflação.
A divulgação da taxa de desemprego pelo IBGE para o primeiro trimestre deste ano, a mais baixa desde 2014, reforçou essas preocupações. Campos Neto ressaltou que sinais de pressão inflacionária já estão começando a surgir em alguns setores, apesar de terem diminuído recentemente. Ele apontou o setor de serviços, especialmente os intensivos em mão de obra, como uma área de atenção prioritária para o Banco Central.
Além disso, o presidente do BC abordou a mudança na meta de resultado primário para 2025 e seu impacto na curva de juros, explicando que essa alteração afetou as expectativas do mercado. Ele reconheceu que o mercado já antecipava dificuldades do governo em cumprir as metas anteriores e que essa mudança só aumentou essa preocupação.
Quanto à política monetária dos Estados Unidos, Campos Neto previu que as taxas de juros permanecerão elevadas por um período prolongado, o que terá implicações para outros países. Ele enfatizou que embora não haja uma relação direta entre as taxas de juros dos EUA e do Brasil, a política monetária americana influencia as decisões no país.