“Poderia ter feito mais pela minha mãe”, diz Luciano Hang, que continua aglomerando na pandemia

Felipe Mendes entrevistou o empresário Luciano Hang nas Páginas Amarelas da Veja.
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O senhor se recuperou da Covid-19, mas sua mãe, infelizmente, não resistiu à doença. Como se sente em relação a essa perda? No início minha mãe já estava assintomática quando nós pegamos o vírus. E, quando levamos ela para o hospital, infelizmente era muito tarde. Em três dias, a doença tomou 95% de seus pulmões. Quando ela morreu cheguei a pensar: “Poderia ter feito mais pela minha mãe”. Eu me questiono se não deveria ter dado o tratamento preventivo que o governo recomenda. Talvez ela tivesse se salvado. Ela tinha 82 anos, sobrepeso, tomava mais de vinte comprimidos por dia, era cardíaca, tinha diabetes e insuficiência renal, por isso não demos os remédios. Diziam que seria perigoso.
O senhor fez esse tratamento preventivo? Sim. Depois, fiquei internado oito dias no hospital e recebi corticoide. Também tomei um remédio com nanotecnologia e uma injeção na barriga para evitar a coagulação do sangue, o que poderia levar a uma trombose. Além disso, quando você tem esse negócio, esse vírus, precisa dormir dez dias de bruços, para aliviar o funcionamento dos pulmões.
Como recebe as críticas de que provocou aglomerações em aberturas de lojas em plena pandemia? Veja só como são maldosos. Nossas inaugurações sempre foram grandes espetáculos e festas nas cidades. Durante a pandemia, inauguramos doze lojas, mas parei de fazer marketing na televisão — e olha que eu adoro propaganda — para divulgar essas aberturas. Só marco a data. Como as pessoas são muito fãs da Havan, se eu disser que vou para uma cidade, o aeroporto já fica cheio de gente e não consigo andar nas ruas. Na inauguração, por exemplo, no Pará, se tivesse feito propaganda pesada como antes, botava 500 000 pessoas lá. Eu só divulguei o dia e deu aquela loucura.
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